Mundo ao Contrário – Doutoramento em Reforma

Tinha pensado começar a minha crónica de hoje a falar sobre a seca, e o impacto que a falta de chuva pode ter no nosso país, mas na verdade não estou preocupado. Com o caso da Lusoponte e a demissão do secretário de estado da energia, entre outros, acho que o governo está a meter água que chegue. Por isso o problema da seca ficará resolvido em breve.

Entre 8 horas de trabalho a escrever e responder a e-mails, escrever textos que me pedem, entre outras publicações, quando aparece no monitor deadline mundo ao contrário, é o momento de voltar a encontrar inspiração para escrever mais uma crónica. Não posso desapontar os leitores, no caso a minha mãe.

Estou com algum medo que a este ritmo o fusível acabe por queimar, e em breve não consiga sequer escrever uma nota num post-it.
Na verdade estou à espera de ter umas boas férias em 2012, com uma média de 2 incidentes mês tenho a certeza que por altura do verão a empresa Costa Cruzeiros vai ter óptimas promoções. Embora saiba que vou ter de investir algum dinheiro em aulas de natação, e um curso intensivo de sobrevivência em caso de naufrágio.

Foi seguindo esta linha de pensamento que tive uma ideia genial. Do alto dos meus 32 anos pensei: estou a ficar cansado, precisava era da reforma, tenho de criar um curso universitário de reformado. Podem achar a ideia estúpida, mas a verdade é que há muita gente em Portugal que aos 40 anos está reformada. E como em Portugal um recém doutorado só arranja trabalho por volta dos 40, porque não ver a reforma como uma saída profissional?

Como ser doutorado em Reforma aos 40 anos pode deixar o vazio na vida de muita gente, pensei ainda em unir o útil ao agradável, e chamar para professores de disciplinas específicas alguns dos reformados precoces que tanta visão poderiam dar aos alunos. Ao mesmo tempo que contribuíam ainda para a segurança social:

Mário Soares – De desertor a herói.
Fátima Felgueiras – A importância de um saco azul e dupla nacionalidade.
Alberto João Jardim – Como abrir um buraco financeiro, camufla-lo, destapa-lo e ser herói.
José Sócrates – A importância de estudar aos fins de semana.
Aníbal Cavaco Silva – Manter grandes fortunas ocultas, e capacidade de blasfemar sobre reformas baixas.
Passos Coelho – Curso intensivo de francês e alemão, e submissão às grandes potências europeias.
Paulo Portas – Coligação como passe para volta ao mundo
Jerónimo de Sousa – Dizer mal sem apresentar alternativas também vale reforma.
Francisco Louça – Falar muito, não é muito acertar, mas também vale reforma.

A lista era infindável, pelo que seria um curso bastante completo. Mas gostaria ainda de contemplar uma visita de estudo à assembleia da republica, com palestra dos deputados sobre o tema:
“A importância da imunidade parlamentar.”

Crónica de Miguel Bessa Soares
Mundo ao Contrário