Mundo ao Contrário – Piegas, eu?

Eu olho para Passos Coelho como olho para o Incrível Hulk… Sem querer soar gay, estamos a olhar para um homem que antes das eleições nos conquistou com um olhar meigo, diria até doce, e depois do acto eleitoral ganhou uns poderes estranhos que o transformaram num ser grotesco, com ar raivoso que só solta frases e palavras de austeridade.

Seguindo o plano de austeridade, o Dr. Pedro deu as directrizes do mês de Fevereiro, vamos deixar de ser piegas, vamos deixar-nos de tradições.
Até aqui nada de novo, o que espanta é logo no dia seguinte o Dr. Rui Rio anunciar que pretende proibir na cidade do Porto que se urine na via publica, entre outras coisas.
Esta ideia de Rui Rio, mostra apenas que ele não ouviu as palavras do nosso primeiro ministro, porque se por um lado urinar no chão é uma tradição e Rui Rio quer acabar com ela, por outro proibir as pessoas de urinar na via publica é extremamente piegas.
Urinar na via publica é sem dúvida uma tradição, e não há nada mais libertador do que a sensação de libertação liquida ao mesmo tempo que se apanha um ar… na tromba. O que vai ser da tradição agora? Já não chega o acto de urinar na via pública ser por norma um acto de alto pudor, que nos obriga a encostar a um poste como se estivéssemos a fazer algo ilícito, e ir deitando os olhos para o lado, não vá alguém espreitar, nada que me envergonhe – mas não gosto de chocar ninguém. Agora temos ainda de ver se não passa policia.
E se efectivamente formos apanhados e o policia nos quiser multar? Primeiro arrumamos a ferramenta? E depois entregamos os documentos sem limpar as mãos?

Eu também detesto pieguices. E está na hora de nos deixarmos de pieguices. Ir fazer queixinhas à comunicação social que a reforma não chega para pagar as despesas é um acto piegas. Trocar uma Vespa por um Audi porque está frio é um acto piegas.

O que não é nada piegas e até é de homem é um gajo dizer: – Eu aposto que consigo emborcar esta garrafa inteira de wiskey, e mesmo sem nenhum icebergue à vista afundo o Costa Concordia como se fosse o Titanic.

Crónica de Bessa Soares
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