Mundo ao Contrário – Regresso ao Sul

Para começar sou obrigado a mostrar a minha indignação contra os Senhores do +opinião, em particular com o Sr. Amilcar Monteiro. Numa altura em que o meu médico, me massacra em todas as consultas para perder peso, este Senhor vai espetar-me uma fotografia de um prego em prato na crónica dele. Como não deixo de ler o +opinião, não tenho outra solução que não babar-me literalmente para aquele, volto a referir – prego em prato, de aspecto de delicioso. Como não chegava a este Senhor colocar a foto do simples, mas belo repasto, ainda se sentiu na necessidade de o ofender, chamando o dito – prego em prato, de bitoque.

Este início de crónica levou-me voltar no tempo, quando eu tinha qualquer coisa como 8 anos e os meus pais me obrigaram (repare-se na palavra obrigaram) a ir a Lisboa. Não se sintam ofendidos sulistas, nunca fui fã. Num restaurante perto do Campo Grande,  o empregado perguntou-me, gentilmente  o que desejava. Estar em Lisboa era particular dia de festa quanto mais não fosse porque estávamos fora de casa, decidi arriscar, e tentar experimentar o prato que sempre me deixara a babar. “– Francesinha.” -Disse eu orgulhosamente, já à espera de ouvir o meu pai dizer “- Não podes porque tem cerveja:” Mas nessa noite foi diferente, e os meus pais riram-se. Dado o sítio onde me encontrava, comecei logo a pensar que algum vírus das terras do sul os teria afectado, mas a minha mãe disse: “-Escolhe outra coisa.” Resignado pedi um prego em prato, e o empregado retorquiu:”-Sai então um bitoque.” Todos se riram, eu não percebi nada, e sinceramente até o prato chegar à mesa fiquei a considerar se não me iam obrigar a comer um qualquer animal, que até ao momento desconhecia a sua existência.

Eu ter 8 anos, remonta a 1988, uma das bandas que se ouvia muito em minha casa era “Os trabalhadores do comércio”. Por isso, nessa altura facilmente consegui compreender a letra  “Fui ber Lisboa à noite. Parei no Russiu, numa noite sem friu, mandei bir uma cola e um gradanapo, e o cara de sapo, pediume logo taco o malcriadom! Num me cuntibe e passailhe um sermom.” Depois não se admirem se for necessário chamar a polícia. Já eu… coitadinho, na minha inocência de 8 anos, optei por tarquetinho, e não me arriscar a lebar no foçinho.

Cronica de Bessa Soares