Não Deu Mesmo – Amílcar Monteiro

Ora então seja bem-vindo, leitor. Tudo bem consigo? Por favor, não responda, que eu não estou realmente interessado em saber como está. É só uma cortesia protocolar. Se está a ler estas palavras só pode ser por um de dois motivos: ou veio aqui especificamente para ler a minha crónica, pois é um fiel seguidor da minha coluna semanal; ou então não sabe bem como é que aqui veio ter e é a primeira vez que está a ler um texto meu.  Seja qual for a situação em que se insere, receio ter notícias pouco agradáveis: esta semana não escrevi absolutamente nada.

É a pura das verdades: não consegui escrever porra nenhuma. Pensei sobre o que poderia escrever e nada. Não consegui encontrar um tema . Quer dizer, isso não é bem verdade. Encontrei até vários temas sobre os quais poderia incidir, tais como a crise económica, a crise do sporting ou a casa dos segredos, mas não quis escrever sobre nenhum deles. Não só acho que já tudo foi dito sobre qualquer um desses tópicos, como também sei que muita gente irá debruçar-se sobre eles e eu não me apetece ser igual a ninguém. Coisas minhas. Assim, prefiro deixar esses temas extremamente imaginativos para aqueles que não se importam de serem fotocópias uns dos outros.

De qualquer, ainda tentei forçar um tema, só para tentar ser cumpridor.  Lá me ocorreu um par de ideias sobre as quais poderia opinar, mas a escrita estava a sair muito forçada. Estava a ser escrever só para cumprir, o que acabava por comprometer a qualidade. Foi então que pensei se fazia sentido estar a escrever um texto  sem qualidade apenas e só para mostrar que fiz alguma coisa. Pois, leitor, também achei que não. Por isso acabei por não escrever sobre nada. Até porque eu sempre fui da opinião que, se uma pessoa não tem nada para dizer, então mais vale estar calada. E na escrita passa-se exactamente a mesma coisa.

Assim sendo, peço desculpa ao leitor que queria ler alguma coisa, mas prefiro não apresentar nada do que apresentar um texto mal-amanhado, sem um pingo de criatividade e qualidade, com uma ideia repetida até à exaustão nas crónicas de muitos outros colunistas. Como tal, se quiser ler alguma coisa, recomendo-lhe que espere para a semana ou que, caso esteja mesmo com muita vontade, vá rever alguns dos textos deste site que mais tenha gostado.

Pronto, é isto. Até para a semana.

Atenciosamente (ou atentamente?),

Amílcar Monteiro


Crónica de Amílcar Monteiro
O Idiota da Aldeia
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