O 5 de Outubro – João Cerveira

Confesso que esta semana estava sem ideias. Não queria voltar a falar das medidas inúteis e erradas do Governo, como tenho feito nas últimas semanas. É assunto mais que debatido. E foi então que o nosso Presidente da República resolveu arranjar-me tema para esta minha crónica semanal.

Sinceramente, neste ponto ou até quando a bandeira estava no alto, nem Presidente da República, nem Presidente da Câmara de Lisboa, nem Presidente da Assembleia da República (para não falar dos restantes ilustres presentes) viram que a bandeira estava ao contrário? Ou viram e acharam que, se ignorassem e não a virassem, ninguém notava? Até quando os ilustres já rumavam ao outro edifício onde foi a cerimónia – essa é outra: 5 de Outubro deveria ser sempre na Praça do Município, onde a queda da Monarquia e a implantação da República foi anunciada – um funcionário foi impedido por outra funcionária de mexer na bandeira, quando este se preparava para a colocar como deve ser.

As próprias imagens falam por si. O Presidente da República olha para a bandeira quando está a içá-la e não vê que está ao contrário? Sendo o Sr. Presidente, por inerência do cargo, segundo a Constituição, Comandante Supremo das Forças Armadas, não foi informado que, segundo o código militar, aquele acto significa “território ocupado” pelo inimigo? Mais: o desrespeito pelos símbolos nacionais é punido com pena de prisão. Que vai acontecer aos ilustres naquela cerimónia? Possivelmente nem um pedido de desculpas. Mas aposto que o desgraçado que estava lá a segurar na bandeira corre o risco de engrossar a lista de desempregados no nosso país. E essa lista que está tão pequena…

Crónica de João Cerveira
Diz que…