O enfermeiro burro, o velhote cornudo e a cinquentona esperta – Sandra Castro

Fiquei muito contente e feliz quando li o jornal um dia destes e constatei que, as noticias não eram só sobre a derrota do futebol clube do Porto nem só sobre as Autárquicas. Comprovei que também há historias inspiradoras e repletas de personagens geniais , como esta de que resolvi escrever esta semana.

Um individuo, de 47 anos, da cidade de Matosinhos, aparentemente desgostoso com o seu ordenado de enfermeiro, resolveu encenar um assalto à mão armada, junto com dois compinchas, a um velho milionário, que teve a infeliz ideia de guardar 110 mil euros e jóias de grande valor em casa, e provavelmente de se ter gabado de tal coisa a pessoas que não eram de confiança.

Mas na cabeça do velhote, frágil e doente, que entretanto faleceu e agora deve estar a dar voltas à campa com toda esta situação, o enfermeiro era um afilhado, um amigo, um profissional que tratava e acarinhava o seu paciente de padrinho.

Mas o que o velho não sabia é que o enfermeiro andava a papar dos dois lados! Além de lhe comer a grana, que era em abundância, também lhe comia a mulher (aqui já não posso afirmar que a senhora era abundante porque não conheço a dita cuja). E não era um caso de vira, bota e vai, não senhor, o excelentíssimo enfermeiro já conhecia as ondulações do corpo da mulher do velho, tão bem como conhecia os cantos à casa do mesmo, porque o caso já durava há cinco anos.

Eu até imagino a cena, o velho deitado na cama, a chamar: Oh, afilhado, cof cof, afilhado, preciso da bomba para não me faltar o ar. E o enfermeiro no quarto ao lado, com a mulher do velho em grande cavaqueira: Oh padrinho, já vou a caminho, só estou aqui a dar a bomba à sua mulher. O velho já meio surdo: Ah? O quê? Vais-me trazer uma colher?!!! 

Se pensam que este conto da vida real acaba aqui, enganam-se leitores! Adivinhem quem apresentou o enfermeiro à mulher do velho rico? A esposa do enfermeiro! Estou chocada! A esposa, cabeleireira, pessoa humilde e de bons costumes, apresentou o marido à futura viúva, na esperança de o marido ganhar mais uns tostões, mas na realidade o cônjuge não quis só uns míseros tostões, ele quis o pacote completo!

E a viúva? Coitada! Estou com muita pena desta senhora! Ficou sem o marido, que ela amava loucamente apesar de ele ter 80 anos e ela 50, o amor não tem idades- que lindo cliché! Ficou sem o amante que cuidava do marido doente, e ainda preenchia à viúva  todas as suas necessidades físicas! Ficou sozinha…só ela e o monte de guito que o falecido lhe deixou! Coitada! Não sei o que ela vai fazer à vida dela…

Esta podia ser a historia de qualquer um de nós, ou de um vizinho, ou de uma tia…mas o desfecho é similar a muitas historias que já ouvimos. Os homens perdem facilmente a cabeça por dois motivos: mulheres e dinheiro! Julgam que conseguem manter a cabeça fria e o coração intacto mas não conseguem. Por sua vez, as mulheres, seres sensíveis, fieis e de coração sempre aberto, têm também um lado negro e  malévolo.

Esperta e muito inteligente, esta senhora! Eu sou eu sou, viúva rica feliz,  deve cantarolar em sua casa enquanto veste a roupa de preto e o véu negro e coloca o rosto em modo semblante carregado e infeliz. Livrou-se do velho doente, livrou-se do amante chato, e claro, da mulher cornuda dele, que agora vai estar muito ocupada nas visitas à cadeia, e ficou com dinheiro que chegue para dormir em camas feitas de notas de 500 euros!

Nem eu seria tão inteligente se tivesse um velho rico em casa, o que tenho mesmo é um novo pobre! E já me chega!

Crónica de Sandra Castro
Ashram Portuense