O pendura – Maria João Costa

(o texto que se segue pode ferir susceptibilidades. Não recomendável a penduras e a protótipos de penduras)

Todos temos aquela tia na família que só oferece pijamas no Natal, e que nos aperta as bochechas como se ainda tivéssemos 5 anos; todos temos aquela tia “boazona” que deixa os nossos amigos com os “olhos em bico”; e todos temos aquele tio pendura, por quem nutrimos um sentimento positivo.
O pendura vai às festas de anos dos sobrinhos, quando o convite era só para o filho mais novo; deixa que os avós preencham cheques nos baptizados, aniversários e festas da catequese; deixa os filhos dormirem em casa da avó e nunca repete um “não vais, ficas em casa”.´
O pendura antes de fazer promessas de amor eterno, nunca levava o carro ao sábado à noite, e esquecia-se sempre da carteira em casa; visitava sempre os amigos ao final da tarde à espera de um convite para jantar (se fosse arroz de marisco, melhor ainda); e aproveitava sempre a lista telefónica feminina do melhor amigo. O pendura acha sempre que todos são “melhores amigos”.
Mas nós gostamos dele. Ele tem piada e atende sempre o telemóvel depois de 50 tentativas falhadas. Ele está sempre lá, talvez seja esse motivo para ainda não nos termos esquecido dele em casa.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez