O quadragésimo segundo ano – Laura Paiva

No exacto dia da publicação desta crónica, terei completado o meu 42º ano de vida.

Terei recebido os parabéns da família, dos amigos e dos colegas – pessoalmente, por telefone ou mesmo por escrito. E eu sou rapariga para apreciar qualquer uma destas formas mas também para aceitar que nem todos se irão lembrar ou, lembrando-se, não terão tempo, não terão possibilidade de o fazer ou muito simplesmente não quererão fazê-lo.

É claro que se trata de um dia muito especial, quer por marcar a data do meu nascimento quer por acrescentar doze meses aos anos que já conto. E espero contar muitos mais!

De todos, o aniversário mais estranho foi o décimo oitavo. Na altura, para mim, fazer dezoito anos era uma marca que mudaria muita coisa mas não, não mudou nada. À excepção de ir à Junta de Freguesia para me recensear, tudo permaneceu igual.
Não sei, realmente, o que é que eu esperava que mudasse mas o certo é que esperava por algo diferente… E foi uma grande desilusão.



É claro que já houveram muitos aniversários emotivos – desde comida e amigos escondidos, em casa ou no restaurante para jantares surpresa, a telefonemas e mensagens de quem não esperava. São estas coisas que fazem  com que este dia seja ainda mais especial para mim.

Quem não gosta de ser o centro das atenções, pelo menos, um dia por ano? Eu gosto. É o meu dia!
Quer seja em dia de trabalho quer seja no fim-de-semana, é sempre o meu dia.

Mas já me tiraram o protagonismo.
Houve alguém que se lembrou, em 1991, de dar início a uma guerra (Guerra do Golfo) que monopolizou todas as atenções.
É também um dia propício a desastres naturais como terramotos (1994 na Califórnia e em 1995 no Japão).
Por outro lado, é neste dia que se venera o padroeiro dos animais (que eu tanto adoro) e do deserto  – Santo Antão.

Nascida sob o décimo signo do zodíaco – Capricórniana de gema, portanto – dizem (as más línguas) que tenho mau feitio. E daí? Antes ter mau feitio do que não ter nenhum e ser uma “Maria vai com todas” andando ao sabor do vento.
Ponham-me muitos defeitos, ponham… ainda vos vou fazer muita falta. Sempre quero ver como se dão sem o meu mau feitio!

Nunca fantasiei muito sobre onde e como estaria aos 42 anos.
Gosto de estar onde estou. Gosto de estar como estou.
A verdade é que, mesmo que pudesse, não mudaria o rumo que a minha vida tomou.
Tivesse eu tomado outras opções ou seguido outros caminhos e não teria conseguido o que tenho agora.
E o que tenho agora faz todo o sentido e toda a diferença!

Em jeito de balanço quero dizer que são 42 anos sem necessidade de devoluções, trocas ou reembolsos.

Crónica de Laura Paiva
O mundo por estes olhos