O Soluçar do Entendimento – Patrícia Marques

Viajámos pelos mestres dias e reparámos  no caminho decidido mas, talvez interrompido por blocos, árvores, madrugadas, ou flechas de sóis em expansão.  Por isso, sem pensar em mais nada, vestimo-nos  a rigor para amar e p’ra conseguir dar o primeiro passo.

As nossas prioridades cautelosas recebem a regeneração necessária da nossa razão. A vontade não é constatação do mais ou do menos motivado. Por vezes, o semblante se cansa de si, quando parece existir uma percussão, um embate do corpo sobre uma mesa de restauro, pedindo um instante de socorro e de recuperação rápida.

Quando se observa o contrário, isto é, o semblante se sente estendido em passadeira lilás, contemplado pelas flores mais calorosas de Maio, existe um respirar de madrugadas sucessivas, o apoio do sol que nos veio devolver os votos que depositámos no Inverno, e que agora, detentor dos magníficos soluçares do entendimento, nos vem abraçar, afagar, até ao primeiro adormecer…

Este, é o sol que remedeia dúvidas, ansiedades, stresses, soluçares que vão caminhando para o entendimento – consciência firme de que a confiança renasce, alivia, contraria contraposições e nos leva à proporção divina de Ser.

O soluçar do entendimento é o flash que se cruza com o momento em que se deseja captar a imagem, em que de seguida é captada a imagem e se faz nascer aos poucos,  imagem da fotografia e do deslumbramento. O soluçar do entendimento manifesta sensação, arrepia as delicias apontadas no mundo e se cinge, se vale, de um ponto válido e lindo: o plexo do nosso Ser. O soluçar do entendimento é o desígnio de maravilhas estendidas sobre uma voz branca e supostamente válida para dizer a palavra: apaziguo – consequência deste soluçar.

Te falo e te digo, o soluçar do teu entendimento tornou-se restaurador, compõe brisas claras, campos floridos e o sol de Maio, quase aí a aparecer. Te falo e te digo, quando amar é uma via, espreitámos, temos vertigens, mas caminhámos, se…te vires seguro(a) e honrado(a). Te falo e te digo…ainda «num lugar ao sol!»

Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol