Oh não, ela tem um igual – Maria João Costa

Há situações difíceis de evitar.
Cartão de débito que é engolido pela ATM; flatulência em público; soluços constantes numa entrevista de emprego; saltos altos de 12cm que teimam ficarem presos nos paralelos; e convidadas que levam um vestido igual ao da anfitriã na festa mais aguardada do ano. São coisas de filmes de domingo à tarde, aquela cena em que todas vizinhas compram o vestido que viram na revista cor-de-rosa, mas acontece. Aconteceu.
Nenhuma mulher está preparada para enfrentar uma situação como esta, nem há nenhum kit de sobrevivência que resista ao “oh não, ela tem um igual” (mas agora que penso nisso, vou acrescentar aos batons, cremes, papeis, e afins, um vestido). É aquele momento embaraçoso em que só temos duas hipóteses: sorrir, acenar e desfilar; ou abrir um buraco e saltar lá para dentro, com cuidado para não estragar o vestido, claro.
Não, não era um vestido do catálogo da La Redoute, mas podia ter sido da última edição da playboy, ou antes, o vestido da apresentação da revista que deprimiu o público masculino. A culpa foi mesmo da Rita. E do bom gosto da convidada e da anfitriã.
Mas há situações que são difíceis de evitar, e o melhor é sorrir, acenar …e desfilar.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda-feira outra vez