Opinião poetizada! – Patrícia Marques

É porque as palavras são como os sons,
Pela simplicidade desaguada nas nossas mãos.
As palavras são a pessoa que passa, o cão que ladra,
o fundamento que justifica e a racionalização que
tende a explicar isto, aquilo, por este e pelo outro.
As palavras são o raciocínio da mentalidade,
ou pelo contrário, são sonoridades,
são espelhos enlatados, com um jeito de tristeza;
contudo, não são figura, não são sapatos que engolem
a elegância do sol, no repouso de uma manhã.

É porque as palavras são como a luz
transviada por entre a branquidão incessante.
Um relembrar de gestos e sorrisos,
onde os gestos e os sorrisos lembram aquilo
que são: o fulgor do amanhã que se resolve,
o impasse de uma dúvida e a certeza do onde,
na base do porquê.
No resolver da vista, o incómodo e a soletração
imagética, só recompõem o que é do tudo…
E o que é de tudo?
De tudo, é o girar, são as cores que se esquecem
e vêm desaguar na leveza, onde ao dobrar de uma rua,
ou mesmo à frente,
tudo parece tão mais água, tão mais fiel
à recordação. E quando o sistema recompensar,
que as peças que rodam o moínho me digam
mais nada senão que tudo ficará cansado
quando forem as horas a se deitar.
Cobrem-se, emancipam, aconchegam-se
Por entre dedadas e murros, pois são os vitrais
os que ora dizem,
redizem o que querem dizer.
Por entre os cansaços das palavras vêm
só letras aqui pelas ruas e pelos caminhos
mais estreitos, mas comove; comove-me o
suspiro que me vem integrar o ‘em cada um’,
comove-me o recôndito dos olhos deslizados
pelo o chão que acena ao verde em tons de
castanho, e o fulgurar da visão que vai retraindo
as emoções como se fossem sinais à procura
do que já passou.

É como um jeito,
São palavras.

Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol
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