Os segredos da dieta mediterrânica! – Beatriz Melo

A antiga palavra grega diaita, que deriva de dieta, significa estilo de vida equilibrado, e isso é exactamente o que a dieta Mediterrânica representa. A dieta mediterrânica é um estilo de vida, e não apenas um padrão alimentar, combina a variedade e simplicidade da alimentação com o exercício físico moderado diário, que a ciência moderna nos convida a adoptar em benefício da nossa saúde, tornando-o um excelente modelo para uma vida saudável.

A dieta mediterrânica é um património de grande valor cultural, tendo sido passada de geração em geração durante séculos. Existem pelo menos 16 países banhados pelo mar mediterrâneo, sendo que os hábitos alimentares variam entre eles, de acordo com a cultura, origem étnica e religião. Contudo, existem uma série de características comuns entre eles:

  • Um elevado consumo de frutas, legumes, batatas, feijão, castanhas, sementes, pão e outros cereais;
  • O azeite é utilizado para cozinhar e temperar os alimentos;
  • Quantidades moderadas de peixe, e pouca quantidade de carne;
  • Quantidades baixas a moderadas de queijos e iogurtes gordos;
  • Consumo moderado de vinho, nomeadamente às refeições;
  • Dependência dos produtos frescos locais, conforme a sazonalidade;
  • Estilo de vida activo.

A importância na saúde não se limita ao facto de se tratar de uma dieta equilibrada, variada e com uma proporção adequada de macronutrientes. Um baixo teor de ácidos gordos saturados e de elevado teor de ácidos gordos monoinsaturados assim como de hidratos de carbono complexos e fibras, adicionando riqueza em substâncias antioxidantes. Investigação cientifica aponta este estilo de vida como sendo benéfico na protecção contra doenças crónicas

Características nutricionais benéficas da Dieta Mediterrânica

O baixo consumo de lacticínios gordos e da carne de vaca, bem como da carne de porco, tornam este tipo de regime alimentar mais pobre em gorduras saturadas que o tipo de alimentação usado na generalidade dos países desenvolvidos.

uso de azeite como única gordura alimentar oferece uma grande quantidade de ácidos gordos monoinsaturados, que são protectores cardiovasculares. Os óleos refinados de cereais e oleaginosas (milho, soja, amendoim) são agravantes para as doenças cardiovasculares e de todas as doenças inflamatórias crónicas.

abundante uso de legumes, verduras e frutas frescas permite a ingestão de elevadas quantidades de fibras alimentares. Estas mantêm uma flora intestinal saudável, permitem a eliminação de parte da gordura alimentar excessiva, ajudam a manter o colesterol dentro de valores correctos, previnem o cancro do intestino e combatem a obesidade.

A par das frutas, verduras e legumes, a grande quantidade e variedade de ervas aromáticas usadas como tempero de uma forma quotidiana fornecem uma considerável fonte de nutrientes antioxidantes – vitaminas, quercetina e outros flavonóides – que são, em conjunto, eficazes protectores das doenças cardiovasculares e degenerativas.

O consumo moderado, mas regular, de vinho completa a oferta regular de importantes antioxidantes – resveratrol, polifenóis – que completam toda a acção protectora face às doenças crónicas degenerativas.

A presença quotidiana de peixe nas refeições dos habitantes da bacia do Mediterrâneo dá-lhes uma apreciável quantidade de óleos polinsaturados ómega 3 que são um elemento indispensável para a protecção cardiovascular e para prevenção das doenças associadas ao envelhecimento cerebral, bem como ajudam a diminuir a gravidade das doenças inflamatórias e auto-imunes.

As frutas secas e oleaginosas completam a benéfica oferta de óleos polinsaturados essenciais na alimentação humana.


Crónica de Beatriz Melo
Educação Alimentar