Ou És Burro ou Comes Merda – Carla Vieira

Vamos ser sérios por alguns momentos. Vamos falar no movimento LGTB, ou como eu lhe chamo, “tudo menos heterossexuais”.

Todos nós temos a nossa própria identidade, e com identidade vem a sexualidade. Existem os heterossexuais, bissexuais, homossexuais, e depois temos outros movimentos que nada têm a ver com a sexualidade mas sim com o nosso sexo e por isso o LGTB abrange essas pessoas.

No que toca à “luta pelos direitos de [inserir grupo oprimido aqui]”, até percebo que esses movimentos existam. Sim, há discriminação, e sim, todos os indivíduos nasceram para ser tratados com o devido respeito independentemente das crenças religiosas, políticas, cor da pele, sexo, sexualidade e essas tretas todas. No que toca a isto, estamos todos na mesma página, certo? Maravilha.

Vamos então ao que interessa:

Temos o grupo dos oprimidos, coitados, temos os defensores e temos as pessoas que discriminam esta gente. Os seres humanos que por acaso acham bem discriminar gente de outras sexualidades, nem vale a pena falar. É uma parvoíce de todo o tamanho e não merece mais do que esta frase.



O que me irrita mesmo acerca disto, e irrita-me mesmo muito, é quando os outros dois grupos (sim, ouviram-me, os defensores e os oprimidos) acham que têm a mania que os que defendem os direitos básicos do casamento homossexual, disto e daquilo, só o fazem para merecerem bolinhos de canela e serem tidos em conta como boas pessoas, e por isso merecem ser insultados.

Desculpem-me?

Eu não me vou pôr a dizer largo sobre isto. Eu apoio o casamento homossexual, apoio o direito a duas pessoas numa relação do mesmo sexo poderem adoptar aquilo que bem entenderem e apoio que são pessoas como eu e por isso devem ter todos os direitos inerentes a nascerem fazendo parte da condição humana. Mas dizerem que o meu esforço de nada vale e:

  • eu não tenho o direito de vos defender, porque tenho privilégios a mais;
  • não tenho o direito de vos apoiar porque sou heterossexual;
  • têm o direito de me insultar porque eu faço parte do problema;

Olhem, minha gente, vocês sinceramente também não andam a ajudar a vossa própria causa, sabiam? Sou toda a favor de defender os direitos humanos, mas chegando o dia em que alguém LGBT me disser que eu “não tenho o direito” de vos ajudar na vossa demanda pelos direitos universais porque tenho uma vagina e gosto de pila? Ou seja, não posso fazer parte do vosso grupo porque sou diferente?

Mas que raio de lógica distorcida é esta que evoluiu na cabeça desta gente, que acham que por haverem pessoas anormais pelo mundo fora, vocês também têm o direito de serem completos mentecaptos mas pode ser porque estão a ser oprimidos? Olhem, eu cá não me dou com hipocrisia, ficam já a saber. A mim não me enganam com essa teoria deslavada porque se as pessoas deviam ser tolerantes quanto a todos os grupos oprimidos, então não são os oprimidos que se vão tornar opressores só porque sim.


Pelos vistos é desta maneira que a sociedade de hoje funciona: há um problema, dois grupos de pessoas com ideologias e valores opostos discutem, e em vez do grupo de pessoas com os melhores valores tentarem ser pessoas decentes, não; estragam a vida para quem os tenta ajudar.

Criaturas, continuem assim e vão ver que realmente o apoio vai diminuir. Não é que as pessoas se tornem cabritinhas, não. É pura e simplesmente ninguém gostar de apoiar anormais, nem mesmo quando estão certos.

Podem, portanto, ir comer merda, porque são vocês o vosso próprio problema.

Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente