Passado, Presente e Futuro.

Os anos passam de uma forma contínua e sem pressas. Os anos são movimento, são a vida a prosseguir em direcção ao fim. Sim, porque existe sempre um fim para tudo na vida. Os anos vão passando, e nós vamos envelhecendo e esquecendo o que já fomos, o que somos e ficamos sempre a pensar no que poderemos vir a ser no futuro. E a vida vai passando. Os anos vão prosseguindo sem pressas. Nas calmas. E a nossa vida vai-se escasseando aos poucos e poucos, como um pavio que queima de forma vagarosa. E nós não damos por isso. Não o sentimos até que, subitamente, surge um momento, uma situação que accione o gatilho existente no nosso cérebro.

“Espera aí…”, pensamos, como se o mundo, de repente, começasse a fazer sentido de alguma forma, como se não soubéssemos de antemão que o mundo, a vida, não faz sentido nenhum.

Estive de férias, recentemente. Este ano, em família, optámos por fazer férias todos juntos — pais, irmãos, primos, sobrinhos e avós. E parecendo que não, apesar de terem sido umas férias bem aproveitadas, fez-se um clique na minha cabeça quando me apercebi da velocidade que a vida, afinal, prossegue. Não segue lenta, sem pressas. A vida voa, acelera a fundo tentando bater sempre a velocidade da luz e do som. E foi ao ver os comportamentos dos meus familiares em férias que me fez acordar para aquilo que é, efectivamente, o mais importante de tudo o que já fomos, somos e queremos ser no futuro.

Não interessam os planos. Não interessa se gostamos mais ou menos deste ou daquele, daquela ou outra situação ou comportamento. O que interessa é que a vida não pára e temos de reconhecer e aproveitar aquilo que temos de mais positivo — porque infelicidades e desgraças são o pão -nosso de cada dia, nesta vida insana que todos temos de vivenciar diariamente.

Os avós tinham um comportamento de cuidar. De tratar de todos — filhos e netos. Os pais tentavam que os filhos se divertissem, esquecendo-se do pequeno pormenor de que estavam, efectivamente, de férias. Os filhos e primos tentavam apenas ser aquilo que são, na sua mais genuína essência: crianças.  Brincadeiras. Jogos. Correr. Jogar à bola. Brincar nas ondas da praia. Mergulhar e inalar enormes quantidades de cloro na piscina.

E eu? Eu, sendo filho, pai, irmão e tio, senti nestas férias o peso da vida em mim. Entendi o que já fui, o que sou e o que virei a ser no futuro. Tal como a minha filha e sobrinhos, já fui uma criança, actualmente sou um pai e tio orgulhoso e sempre preocupado, e sei que, no futuro, serei apenas um avô preocupado e com uma única missão de vida — cuidar de todos: filhos e netos.

E tal como os meus pais… esquecerei que eu próprio existo. Porque a missão é mais importante e a vida… essa… afinal tem pressas e consegue sempre ultrapassar a velocidade da luz e do som…