Perdi a batalha para o Cookie…

Está quase a fazer 1 ano que decidimos que estava na altura de aumentar o agregado familiar. Depois de muita pesquisa pelas internet´s da vida, lá encontrámos o que buscávamos. Não estou a falar claramente de adopção ilegal, mas sim de dar uma oportunidade a um ser indefeso, de ter uma família e ser feliz. Adoptámos um gatinho. Literalmente um gatinho, pois o bicho tinha apenas 1 mês quando decidimos ir buscá-lo a uma cuidadora de gatos que vive num bairro social nos arredores de Lisboa. E há que louvar este tipo de pessoas. Pessoas que perdem tempo da sua vida em prol de animais indefesos e que não tiveram qualquer culpa de surgir neste mundo. A nossa filha apressou-se a nomeá-lo de Cookie e o desgraçado passou a ser confundido com uma gatinha. No veterinário, e mesmo após várias visitas, continuam a confundir o bichano com uma bichana — o que nos leva a ter de corrigir as pessoas vezes sem conta. É claro que podíamos alterar o nome dele, mas… está escolhido e não mexe mais.

Ora, o Cookie foi crescendo saudável e brincalhão durante este primeiro ano de existência. Sem saber a sorte que lhe calhou ao ser adoptado por uma família que lhe quer muito bem, de vez em quando decide elevar ao extremo a sua condição de “gato” e pensar que se trata, ele próprio, do dono e senhor da casa, o que é normal tendo em conta o comportamento natural de um felino. E, na verdade, pensando bem no assunto, ele é efectivamente o dono da casa, visto que me obriga a acordar às 6H30 da manhã a um domingo para ir encher-lhe a taça de comida. O rei…

Mas, sendo eu o macho alfa cá de casa, pensei que estava na altura de mostrar a este menino impertinente, quem é que manda cá no gatil. E comecei por alterar-lhe o horário da refeição matinal. Sendo que todos os animais — racionais e irracionais — são feitos de hábitos, seria algo bastante básico de se concretizar, certo? Errado. O pequeno sacaninha continua a moer-me a cabeça todos os dias por volta das 6h30 para comer. Comecei a deixar-lhe a tijela cheia à noite para que não me obrigasse a acordar tão cedo. Mas o espertinho não lhe toca e desata a acordar-me às 6h30 com miares famintos que soam completamente a falsos, apenas para me importunar. Chego a fazer apenas o movimento de chegar até à taça da comida, remexer no granulado com a mão e regressar à cama para ele ficar sossegado a comer. Ora, se isto não é ser uma mini bestinha, então não sei o que é. Mas a batalha pelo título de macho alfa cá de casa não fica por aqui. Como gato que é, claro que ele aprendeu rapidamente a beber água não da tigela, mas sim das torneiras cá de casa. Qualquer que seja a torneira, desde o lava-louças até ao bidé, assim que se abre uma torneira lá está ele ao nosso lado de mini língua de fora para sorver o máximo de água possível. Ora, isto tornou-se chato por duas razões; primeiro porque não se pode estar simplesmente a lavar a cara de manhã, que lá está ele ao nosso lado, e segundo, porque o menino assim não bebe água nenhuma durante o dia, a menos que alguém esteja cá em casa e se distraia a abrir uma torneira. Então, arregacei as mangas e preparei-me para mais um confronto de titãs, ao tentar acabar com este hábito tradicional gatês. Adquiri uma tigela com doseador de água para que ele, à medida que vai bebendo água, a mesma volte a encher enquanto existir água suficiente em stock. Tentei ensiná-lo que teria de beber água ali. Bloqueei todas as suas tentativas de atacar torneiras que estivessem a jorrar água no momento, levando-o de imediato até à tigela para que ele percebesse que teria de beber ali a sua preciosa água. Passaram-se semanas nesta batalha intensa e, finalmente, tenho a dizer que…

…acabei vencido pelo cansaço e, oficialmente, abdiquei do título de macho alfa cá de casa.

Raios partam a gata, perdão, o gato…