Pluralidades – Higiene Oral

Às vezes dá-me para reparar em muitos pormenores, ao longo do dia. Nada escapa a uma pessoa que é, por natureza, observadora e atenta. Nesse sentido, o mínimo dos movimentos e acontecimentos pode suscitar em mim grandes dissertações sobre as causas e/ou consequências das coisas.

Ultimamente ando a reparar em dentes. Mais concretamente, na higiene oral das pessoas. Isto talvez porque vejo todos os diasbocas que são autênticos buracos, capazes de rivalizar com a pior das estradas. Assim, é muito frequente o mau hálito nas pessoas, os dentes cinzentos / podres, o cheiro tépido a cigarros ou outras coisas. Não creio que sejamos ainda uma população suficientemente instruída no que diz respeito à saúde oral, à troca de escovas, ao uso de suplementos, ou simplesmente a uma escovagem diária dos dentes (para não dizer 3 vezes ao dia). Mas é que é mesmo muito frequente encontrar dentes amarelos e com crosta, o que me admira, porque se facto nem todos podem pagar uma consulta (cara) no dentista, certamente podem ser responsáveis por maiores e melhor práticas de saúde.

Assim, por curiosidade, fui pesquisar alguns dados sobre a saúde oral em Portugal, fornecidos pela Associação Portuguesa de Higienistas Orais. Descobri (sem surpresa) que 4 em cada 10 pessoas só vão ao dentista em caso de extrema necessidade, e que apenas 15% usam o fio dental, e 27% o elixir. Ao contrário do que seria desejável, apenas alguns fazem uma substituição periódica das suas escovas, sendo que a maioria espera que elas deixem de exercer bem a sua função de limpeza.

Na verdade, provavelmente a saúde oral é vista muito mais como um “luxo”, do que propriamente como uma necessidade básica, daí que muitas bocas andem por aí francamente mal cuidadas. Por outro lado, é também necessário reflectir sobre os preços exagerados que um tratamento pode comportar. Daí que a aposta resida mesmo na prevenção. É tão bonito ver um grande e belo sorriso branquinho que nos ilumine a cara…

Crónica de Joaquim Ferreira
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