Preço trocado, cliente inconveniente… – Ricardo Espada

Bom dia! Ah! Esperem… isto só é publicado à noite. Sendo assim (e parecendo que estou a escrever esta crónica em tempo real), ora tomem lá – Boa noite malta! Tudo jóia? Tudo legal? Sim, estou a usar alguns termos brasileiros, porque temos de nos habituar. Primeiro, temos o novo Acordo Ortográfico, quer o aceitemos ou não, ele está aí para ficar. Depois, estou a treinar para quando um dia for ao Brasil, ao programa do Jô. O quê? Ser entrevistado? Nada disso, pá! Ir lá, assistir ao programa, porque é giro… Em termos de quilos, é muito parecido ao nosso programa «O Preço Certo». Começando, claro, pelo apresentador… Se o Jô optar por começar a usar a expressão, «espetááááculo», então estarei no paraíso! Vou é estar sempre irrequieto na cadeira, à espera que a Lenka apareça a qualquer momento, a acariciar um qualquer electrodoméstico, enquanto se ri de uma forma até algo sinistra… Como quem diz: «Ó para mim, aqui, a acariciar este electrodoméstico. Acerta no preço e tu próprio poderás acariciar este belo electrodoméstico…» Acho que a Lenka, em casa, por vezes, dá por si a acariciar a porta do frigorifico quando vai buscar um Activia da Danone. Sim, porque ela tem de zelar pelo bom funcionamento do seu intestino. Era algo desagradável se ela, em plenas gravações, estivesse sempre a interromper para ir à casa-de-banho.

— «CORTA! Não aguento mais! Tenho de ir à casa-de-banho!»
— «PORRA! Já é a décima vez hoje, Lenka! Assim não dá!»
— «Desculpa, Fernando Mendes, mas os Activia estão caros e eu não tenho zelado pelo bom funcionamento do meu intestino…»
— «Não tivesses tu esse corpinho, e já tinhas ido é de carrinho!»
— «Ahã… Volto já!»

Bom, agora que já partilhei um pouco de parvoíce pessoal (O que dá para ter uma ideia de como este cérebro anda tão, mas tão queimado…), quero falar sobre uma situação que acontece, normalmente, quando vamos às compras. Não sei se a culpa é minha, por ter uma pretensão abismal para que isto aconteça, mas, quantas vezes chegamos a uma prateleira e deparamo-nos com um artigo a um preço mais baixo do que é normal e pensamos: «Olha! O preço baixou! Deixa-me levar já duas embalagens disto! Eh! Eh! Que alegria!» Depois, chegamos à caixa para pagar e o raio da maquineta de registar os produtos marca um preço bastante mais caro! E é aqui que começa uma verdadeira batalha! Um confronto brutal, em que nós tentamos prevalecer a nossa ideia de que o preço correcto é o que marca na prateleira, enquanto, o raça do empregado afirma que o preço correcto é o que a sua traquitana – de que ele é um orgulhoso defensor – regista. «A máquina é que sabe! Se a máquina diz que é este preço, é porque é este preço e mais nada!» Enquanto continuamos neste confronto de ideias, vai-se formando uma fila enorme atrás de nós, o que nos coloca ainda mais nervosos. O empregado, apercebendo-se que nós não desistimos do nosso ponto de vista, opta por pegar no telefone e chamar a sua colega, funcionária do apoio ao cliente, para que ela resolva, por fim, esta situação. Ela lá vem, impaciente e com ar de poucos amigos – ao fim ao cabo, teve de levantar o seu belo rabiosque da cadeira e andar 20 metros até à caixa onde nos encontramos. O que é um terror! Andar 20 metros? É coisa para deixar uma pessoa de rastos! Ela pega no produto e desloca-se até à prateleira onde estava o produto, para verificar o preço. Volta à caixa e diz ao empregado para alterar o preço para o que marca na prateleira. O empregado, completamente revoltado, lá o faz, sem nunca olhar para nós, não aceitando a derrota no confronto de preço travado connosco.

Vamos à teoria? Siga! Eu acho que os empregados dos supermercados, recebem uma comissão por cada produto vendido, no qual, o preço está marcado mais baixo na prateleira do que na traquitana que regista os produtos, na caixa. É uma forma de vender… O cliente opta por levar o produto porque está a um preço irresistível mas, depois, quando chega à caixa e se depara com um preço mais elevado, já não tem paciência para argumentar as diferenças de preços e acaba por levar o produto. Ora, eu não! EU NÃO IREI DESISTIR DE LUTAR CONTRA ESTA INJUSTIÇA! Para mim, a prateleira é que manda!

Agora vou ali comprar um pacote de «Estrelitas», porque diz que está a metade do preço! Anseio para que, na caixa, o raça da maquineta registe a um preço mais elevado! EU QUERO CONFRONTO! EU VIVO PARA O CONFRONTO! Ok, mais uma vez, isto é, tudo muito estúpido… Que desperdício de palavras, este texto, hein? Pfff…


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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