Problemas de memória – Bruno Neves

Quem nunca passou pelo embaraço de cumprimentar alguém mesmo não sabendo o nome da pessoa em questão que atire a primeira pedra!Este é o maior pesadelo possível dos mais distraídos e é o tema desta semana.

Escusado será dizer que tal facto me aconteceu recentemente não é? Confesso desde já que a minha memória para nomes é péssima! Já para “caras” sou o oposto: nunca me esqueço de uma cara. Posso inclusivamente apenas encontrar a pessoa em questão, uma ou duas vezes na vida, contudo se passar por ela novamente lembro-me automaticamente da pessoa. Do nome muito provavelmente não, mas da cara sim.

Contudo, há uma primeira vez para tudo. E muito recentemente, e pela primeira vez na minha vida, não me lembrei de uma cara. Mas a pior parte é que a pessoa em questão não só me veio cumprimentar como veio falar comigo. Ou seja, não apenas um “olá! Tudo bem?” mas uma conversa mesmo, algo mais prolongado e complexo tendo em conta que eu nem sequer o seu nome sabia. E o mais irritante é que quando isto acontece a outra pessoa sabe sempre o nosso nome, algo que obviamente não nos dava jeito nenhum!

Iniciei então um exercício extremamente complexo: enquanto por um lado falava com a pessoa, por outro tentava recordar-me de onde conhecia aquela cara. Manter uma conversa dita normal sem saber quem é aquela pessoa e o seu nome pode ser um autêntico pesadelo. Obriga a que pensemos rápido e bem para que a pessoa não note o que se está a passar e para que possamos manter uma conversa sem dar nas vistas.

Perguntas como: “então e tu, que tens feito?” ou mesmo a sempre útil “já viste este tempo?” são as muletas perfeitas para “engonhar” a conversa na esperança de que a outra pessoa dê respostas mais longas do que os simples e banais “sim” e “não” para que nós nos lembremos efectivamente de quem é aquele sujeito!

Este caso em questão não foi muito grave dado que passados breves instantes a minha memória já tinha recuperado, mas em casos extremos podemos manter toda uma conversa e ver a pessoa chegar e abalar sem sabermos com quem estivemos.

Quando falamos desta questão é impossível de esquecer um anúncio que muito recentemente estava presente em praticamente todos os intervalos da televisão portuguesa. Um anúncio ao medicamento “Memofante” que promete resolver os seus problemas de memória. Na minha modesta opinião este foi um dos anúncios mais engraçados dos últimos tempos, pois o ridículo da situação fazia-me sempre rir.

No anúncio são visíveis diversas situações em que pessoas se esquecem de alguma coisa: o código do cartão multibanco, o nome de uma pessoa, um objecto essencial numa mala de viagem ou mesmo de uns óculos. E em todas elas está um elefante de grandes proporções que facilmente resolve a situação.

Só o facto de estar um elefante no meio da sala de estar de uma senhora de idade e de ser o próprio do animal a não só encontrar um objecto de tão reduzidas dimensões como também a ser ele a entrega-lo faz-me rir. A cena do código de multibanco faz-me pensar que aquele elefante certamente que já tinha pedido o cartão de crédito “emprestado” e ido ás compras sem o senhor saber!

Ficou com vontade de recordar o anúncio ou simplesmente não é capaz de se lembrar do mesmo? (Esta segunda parte só pode ser a derradeira ironia: alguém não se lembrar de um anúncio que combate a perda de memória!) Então cá vai o divertido anúncio:

Boa semana.
Boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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