Profissão: Jardineiro – Mi Céu

Ao fim de mais uma semana atribulada e com a continuação do misto de acontecimentos, regresso novamente para vos iniciar no tema “Jardinagem”!
Estava eu no meu 2º ou 3º ano de Faculdade, numa das aulas com o coordenador de curso (Educação de Infância) sendo ele também Educador de Infância, pioneiro em Portugal!
Achei admirável, uma frase que proferiu, “todos somos jardineiros” e passou a explicar, o termo correcto para denominar o que vulgarmente se diz Infantário, correctamente devemos pronunciar “Jardim de Infância”. Partindo daqui, teve início a explicação sobre a parte dos jardineiros.
Se formos pesquisar a raiz da palavra jardinagem, verificamos que assume os seguintes sentidos: arte de cultivar, manter e tratar um jardim.
Um Educador, assume nem mais nem menos, o papel de cuidar das crianças e de as ajudar a crescer e a desenvolverem-se da forma mais harmoniosa e equilibrada. Para ser possível, este crescimento da criança, o Educador (adulto) teve antes de fazer o seu próprio caminho de crescimento e cultivar-se, para depois conseguir “podar” as suas crianças.

Em 1837, Fröebel abriu o primeiro jardim de infância, onde as crianças eram consideradas como plantinhas de um jardim, do qual o professor seria o jardineiro. A criança expressava-se através das actividades de percepção sensorial, da linguagem e do brinquedo. A linguagem oral associava-se à natureza e à vida.
Grotesco, como a teoria e prática de Froebel, se encontra tão bem enquadrada nos modelos de prática pedagógica, após 176 anos. Reflectindo, sobre a acção do Educador na prática e da própria prática da criança, é mesmo essa a leitura, que podemos fazer hoje do processo educativo.
Fröebel, foi um defensor do desenvolvimento genético. Não resumia, o desenvolvimento apenas à infância, mas sim defendia, esta fase como sendo parte integrante e fundamental de um processo, em que cada fase faz parte e se torna indispensável para a construção de todo o puzzle final, o adulto.
Para ele, o desenvolvimento, ocorre segundo as seguintes etapas: a infância, a meninice, a puberdade, a mocidade, a maturidade.
Todas estas fases, eram igualmente importantes. Observava, portanto, a gradação e a continuidade do desenvolvimento, bem como, a unidade das fases de crescimento. Assim sendo, a educação da infância, realiza-se através de três tipos de operações: a acção, o jogo, o trabalho.
Fröebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a actividade lúdica, a apreender o significado da família nas relações humanas.

Afirma na sua obra “A educação do homem” (1826) que “a educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana auto consciente, com todos os seus poderes funcionando completa e harmoniosamente, em relação à natureza e à sociedade.” Implica tanto a evolução individual quanto a universal.
Em jeito de conclusão e opinando, este pedagogo foi um senhor muito à frente na época, pois conseguiu discernir o essencial do acessório na educação, teve foco no importante e conseguiu chamar as coisas pelos nomes e transformar a educação na verdadeira arte que era, é e será sempre: educar!

Na cultura oriental a jardinagem assume um papel de extrema importância, em que cada cidadão, dedica muito do seu tempo à jardinagem.
Por exemplo, o segredo do bonsai, é a poda, é a técnica que permite que ele adquira e mantenha a forma desejada ano após ano equilibrando a energia que, por norma, está direccionada para o ápice das plantas. Sem qualquer tipo de poda o bonsai cresceria naturalmente.

Através desta imagem do bonsai, verificamos que tal como nas plantas, seria impensável nas crianças não existir uma relação directa e forte com o educador (adulto), de forma a que este ajude, desde cedo a criança adquirir na sua construção o necessário, para tornar-se um futuro adulto melhor!

O Fröebel de hoje mencionou que “Os mais velhos só aprendem quando aceitam que, para educar os outros, é necessário, em primeiro lugar, querer aprender com eles. E isso só é possível quando, nas intenções da educação, a aquisição de conhecimentos for substituída pelo carinho à sabedoria.” Eduardo Sá

Em suma, não deixe de ser jardineiro de si e da sua criança “interior” e “exterior”, no caso de ser pai, mãe, tio, tia, avô, avó, professores, educadores, mecânicos, vendedores de gelados, ou outra coisa qualquer…no fundo todos somos jardineiros de nós mesmos, todos somos necessários no processo educativo individual e colectivo!
O que importa mesmo, não é o que somos, mas o amor com que exercemos a nossa “profissão”!

Uma sábia semana para todos, com muitas colheitas ou podas, se for o caso disso!

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