Publicidade com negros. Porque não? – Marco Aurélio Cidade

Hoje eu gostaria de colocar uma questão interessante, mas que é pouco discutida, mesmo estando tão em voga quanto está atualmente: o preconceito, o racismo.
Todo mundo fala que não há racismo, que racista é o negro, enfim essas coisas que todos estamos cansados de saber, de ouvir, de ver e até, por que não, de comentar sobre.
O ser humano é muito complicado, a meu ver. Eu nunca me preocupei se estaria sentado ao lado de um negro, ou de um índio ou fosse lá qual fosse a raça da pessoa que seria minha “vizinha” num ônibus, num trem, avião, navio… Tenho realmente mais o que fazer do que me preocupar com isso.
Cotas para negros nas universidades brasileiras. O que se pode dizer disso? Nada. Mais uma vez , lamentar o pensamento do ser humano. Qualquer um que tenha o mínimo de respeito pela raça humana vai achar de imediato que o que deve ser feito é proporcionar o acesso à educação em todos os níveis, desde o ensino fundamental até o pós-doutorado, a todos, a todas as camadas sociais, a todas as pessoas que o forem buscar.
É vergonhoso saber que há cotas para negros no ensino superior brasileiro.
É vergonhoso saber que negros ganham menos no mercado de trabalho (assim com a mulher, seja ela branca ou não; o que incide em outro tipo de preconceito). No meu modo de ver as coisas se os negros, assim como todas as pessoas, tivessem acesso a boas instituições de ensino, se houvesse maior preocupação com isso do que com a próxima copa do mundo, ou com as próximas olimpíadas… Se; se tantas coisas fossem diferentes….
Mas não são. São exatamente o que vemos. Ou quase vemos, tal como um sorriso velado para um negro quando ele está sendo atendido num banco, ou em outro local qualquer.
E não falo aqui somente de racismo, não. Falo de preconceito ou “pré – conceito”, que inúmeras vezes temos em relação a um sem número de pessoas. A cegueira humana vai a tal ponto de não enxergar um lixeiro, um pedinte, uma criança desamparada, uma faxineira, uma pessoa mais humilde que caminha ao nosso lado nas ruas. A necessidade humana de oprimir o “inferior” é grande. A diferença social, a cor da pele, o desfavorecimento cultural, tudo é motivo para a opressão.
Outro dia li um texto sobre a cor da pele que achei interessantíssimo e que, sem dúvida dever ter calado a boca de muita gente (não negros, deixo claro). Veja que tocante:

Quando eu nasci, era preto;
Quando cresci, era preto;
Quando pego sol, fico preto;
Quando sinto frio, continuo preto;
Quando estou assustado, também fico preto;
Quando estou doente, preto;
E quando eu morrer, continuarei preto!
E você, cara branco,
Quando nasce, você é rosa;
Quando cresce, você é branco;
Quando você pega sol, fica vermelho;
Quando sente frio, você fica roxo;
Quando você se assusta, fica amarelo;
Quando está doente, fica verde;
Quando você morrer, você ficará cinzento.
E você vem me chamar de “Homem de Cor”?

Na publicidade é a mesma coisa. De quantos anúncios com pessoas negras nos lembramos?
Alguém pode dizer: – Ah, tem vários. Tem aquele com o Ronaldinho gaúcho, tem um outro com a Naomi Campbel, tem mais um com o Morgan Freeman, sem citar aquele outro com o Ray Charles.
Ok! Tem sim, vários anúncios com pessoas negras. Todas famosas. E com negros “famosamente desconhecidos” como qualquer figurante branco, onde estão? Vão querer me convencer que negro famoso vende e negro desconhecido, não ? Sim. Tá bom.
Para encerrar, escolhi alguns comerciais com negros (famosos) e deixo a pergunta: se fossem negros desconhecidos, mas com a mesma performance, ou seja, bons músicos, bons jogadores, bons modelos ou simplesmente bons seres humanos; será que venderiam? Você decide.

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Crónica de Marco Aurélio Cidade
(publicitário, redator escritor e professor)
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