Pura desilusão… – Ricardo Espada

Estava descansado a ler as notícias, enquanto aproveitava o borbulhar do meu jacuzzi (Isso, Ricardo, continua a sonhar acordado…), quando me deparo com uma notícia que me deixou, de certa forma, algo perturbado… Em Sunderland, Jaxson Denno, uma criança de 18 meses, ficou desolada por ter encontrado o actor Robert Downey Jr. E porquê? Porque ficou a saber que, afinal, o Iron Man não é real. Que é apenas ficção… Estou perturbado… O Iron Man não existe? Estão a gozar, certo? Como eu se fosse acreditar numa história dessas… É claro que o Iron Man existe… Eu até tenho um tshirt toda catita dele… A história do «actor Robert Downey Jr.», é uma personagem que o Iron Man inventou para não ser reconhecido na rua, certo? Claro que sim… Só pode ser… Ser famoso por andar por aí a salvar o mundo não é pêra doce… Eu, se fosse o Iron Man, também inventaria uma personagem qualquer para não ser reconhecido. Olhem para o Super-homem! Ele inventou a personagem do Clark Kent, para não ser reconhecido na rua. Era chato, ter de sair sempre a voar pelos céus, quando uma multidão o perseguia para recolher autógrafos. Para não falar das inúmeras camisas estragadas! O Iron Man, não existe… Essa está boa, está…

Por esta lógica de raciocínio, vão agora dizer que o Capitão América também não existe, não é? Ganhem juízo, mas é! Não! Esperem… Melhor: que o Wolverine não existe! E que aquelas garras são apenas próteses que um actor qualquer usa, querem ver… Falando em “Garras”, então e o Freddy Krueger? Também é uma personagem de ficção, é? Vão enganar outro, pá! Eu, uma vez, tive um pesadelo com o Freddy, e acordei de manhã com a cara toda arranhada! Querem fazer-me acreditar que foi o meu gato – que dormia comigo na cama – que decidiu arranhar-me todo durante a noite, não? Ides gozar com outro, pá!

Esperem, esperem… E o Batman? Também não existe, é? Pois, pois… Claro que existe! Uma vez, à noite, eu seguia descansado na minha rua, e um bando de meliantes interrompeu-me a caminhada apontando-me uma faca, ordenando-me que lhes desse a carteira. Eu, aterrorizado de medo, saquei a mão ao bolso e constatei que não tinha lá a carteira! Porquê? Porque o Batman retirou-a durante o baile de máscaras que eu tinha ido, minutos antes. Ele esteve a dançar comigo e, claro, sabendo que eu iria ser assaltado, tirou-a do meu bolso para evitar que eu ficasse sem ela. O Batman existe e salvou-me! Mas isto passou-se há uns belos anos e até agora ainda não me devolveu a carteira… Provavelmente, ele não sabe onde eu vivo… Mas… ele é o Batman… Deveria saber onde eu moro… Bom, não interessa! Ele salvou-me de ser assaltado e é isso que realmente importa! Agora, o Robin… Esse deve ser mesmo apenas ficção… Nenhum super-herói usa uma vestimenta daquelas… O Batman deve ter pena dele, e deixa-o andar a salvar o mundo com ele. Só naquela…

Jaxson Denno, «puto», não ligues ao que eles dizem! Não te deixes influenciar pelo facto de o Iron Man fazer-se passar por um tal de actor, de seu nome «Roberto Downey Jr.», apenas para te enganar e não o reconheceres. O coitado não deve ter jeito para lidar com «putos»… E quando chegar a altura em que os teus pais irão dizer-te que o Pai Natal não existe, não acredites! Os adultos são mesmo assim: uns invejosos do pior, só porque o Pai Natal não lhes liga peva! O Pai Natal existe! Mas só se preocupa com as crianças, porque o mundo está em crise e o Pai Natal não foge à regra! Ele já não pode dar-se ao luxo de oferecer prendas a todos (Adultos e Crianças) porque, simplesmente, não tem condições financeiras para tal! Não estás sozinho nesta luta, «puto»! Se tu acreditas, então eu também acredito!

Deixem-me ser uma criança para sempre, ok? Agora vou dormir e tentar ter um pesadelo com o Freddy Krueger. Temos umas contas a ajustar… Isso, se o raça do Darth Vader não surgir no pesadelo a querer brincar aos sabres de luz… Ele faz-me isso muitas vezes. Diz que quer cortar-me a mão com o sabre de luz, como fez ao seu filho, o Luke Skywalker… Que doido, este Darth Vader… Bom, depois conto como correu… Até para a semana, rapaziada!

Crónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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