Quando chegar, dá-me um abraço! – Patrícia Marques

Restou-me o entorpecer de algumas palavras que vão em direção ao meu abandono. Um caminho liberto de condições que se assinam sem respeitar o acordo ortográfico. Hã…pena que essas condições remodelavam nossos ideais como sendo nossos; e depois eu agarrava-me ao primeiro cisne, rodopia em segurança pelos sonhos, ilusão de mim mesma, pensando que é esse o beijo mais desigual que alguma vez pereceu sobre as estrelas e o luar. Conseguiríamos? Viagem inevitável; desbravar palmeiras com sabor salgado…ainda cheira…De rompante, um homem que ajuda. Hã…ele ajuda mesmo. Livre do sufoco de tantas palavras ditas em tão poucos minutos, a chamada levaria as notas musicais esquecidas nos teus olhos cancelados então, de mim. E eu? Eu vivia; obrigava-me a achar-me e a descurar de tudo isso. Hã…que palavras podem contar sentimentos e livrar a aurora de nos saber juntos? Que corações poderiam amanhecer nesse beco gelado onde a chuva se deleitaria em ti, orgulhando-se desse sabor ofuscado em perfumes restaurados entre lãs entrelaçadas como o algodão? Programaríamos a margem do centro fiel à pousada mais desportista que outrora haveríamos de saber. Pequeno -almoço cheio, universidade à porta; um olhar fechado na maresia e algumas palavras poéticas largadas num espaço dito e aberto à retidão do teu rosto. Pensei: «Mais vale uma paixão para uma vida toda de que um amor por um dia só», «mais vale um amor para toda a vida de que uma paixão de uma noite só», «mais vale um pássaro na mão, que dois a voar», «mais vale o teu amor, que amor nenhum», «mais vale a tua compreensão de que nenhum sentimento teu em relação a mim». Mas isto seria eu revelando mais uma vez princípios utópicos, ridicularizando a realidade com esses sonhos encontrados na dobra do meu casaco, por onde caíam meus cabelos ao saber da presença mais salutar que outrora pude alguma vez sentir. Uma sensação. Ofuscaria tuas palavras diante de notas engrenadas nas flores saídas de um arcabuz. Hã…que fundamentos estes chamados em memória que exalam a saudade da vida e do beijo de ninguém? Que atitudes estas que desanuviam o verbo armar, e deixam o amor escorrer pelos vales agrestes onde a água límpida vem socorrer nossos pés do sofrimento hostil? Que alertas, que palavras mais dignas de zombaria que não estas? Que opinião mais dilemática, sob as «orquídeas florescendo-te na estufa de teus lábios?». Um rompante – assegurar que estarias lá, com teus olhos, teu rosto, teu semblante, mais tu em ti…hã que verdade maior essa seguridade de sorrir contigo e ao teu lado, dizer: «Estou contigo»; hã…que gracilidade e etérea presença.

Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol
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