Quando for grande quero ser pequeno – Maria João Costa

Nasci em 1990. Cresci com a felicidade de ter 100 escudos no bolso para uma semana de gomas, adormeci a ver o “Ai os homens” e fugi para casa da vizinha durante horas só porque sim.
Nasci sem internet, sem telemóvel nem PDA`s, mas conheci o Sonic e sonhava em ser a salvar o mundo como a Power Ranger amarela. Nasci e já havia fraldas descartáveis e a maldita moda dos “chafarizes” na cabeça. E cresci devagar, ou antes, cresci e aprendi tudo no momento certo. Nem mais depressa, nem mais devagar.

Hoje, eles já nascem crescidos.

Porque é que eles têm pressa de ser grandes? Porque é que querem vestir fato e gravata? Porque é que usam os sapatos e o batom da mãe? Porque é que saem com os amigos da irmã mais velha? Porque é que não sonham em ser astronautas? Estão assim com tanta vontade de ter contas para pagar, prazos para cumprir, burocracias para assinar, sonhos por concretizar e de ocupar metade dos dias da semana na fila do centro de emprego? ! Com 13 anos eu ainda era sócia da Barbie.

Não me digam que a culpa é da televisão, da internet, e dos Morangos com Açúcar. Sejam mais criativos, e críticos. Não deixem a miúda sair de casa à noite sem roupa com 18 graus na rua; não deixem o miúdo engravidar a vizinha de 15 anos; ensinem as horas, outra vez; façam uso da palavra não e o que a senhora do 6º esquerdo faz com o filho, não tem de ser exemplo para ninguém.
Vão deixar de ser os pais mais fixes do grupo de amigos deles, mas eles depois agradecem. Eu agradeci aos meus.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!