Quanto mais adultos, mais estúpidos – Vânia Tavares

Não há nada mais saudável do que ser criança. Não há nada que me faça melhor do que conviver com crianças. Não há nada que me deixe mais feliz do que ser uma criança.

À medida que vamos crescendo, também fazemos crescer o pessimismo, a apatia, a parvoíce.

“Isso não dá nada!”; “ui, não te metas nisso!”; “é melhor não”; “eu até gostava, mas não vai dar”; “não me parece boa ideia”; “não existe”; “não pode”; “não deve”; “não faças”. A vida adulta é assim: não, não, não. Distância, indiferença e insensibilidade fazem parte da monotonia contagiante entre as pessoas, supostamente, crescidas.

Depois, passam a vida a reclamar: “está tudo louco!”. Antes estivesse! Era muito bom que andassem todos loucos. Mas não, andam todos parados e neutros. Depois, também dizem uma expressão muito engraçada: “olha que traumatizas a criança!”. O que traumatiza as crianças é a falta de humilde, de respeito e de carinho que existe entre os adultos. Nada mais as traumatiza.

Outra característica bastante importante das crianças é que elas acham piada a tudo o que seja diferente, ao contrário dos adultos que lidam mal com a diferença e que tudo lhes mete impressão.

Vou repetir: não há nada mais saudável do que ser criança. E ser saudável é ser louco. Louco de alegria, louco de vivacidade, louco de emoções fortes.

Lidar com crianças, receber a sua alegria sincera, os abraços espontâneos e a sua expressão transparente sem medo é o que ma faz ser uma criança, louca e com vida.

Esta semana, uma criança que não me conhecia de lado nenhum, disse-me: “gosto muito de ti”. E a colega acrescentou: “eu também! Não podemos ir a tua casa?”. Eu respondi, depois de risos e afetos: “vocês queriam vir a minha casa?”. Um grupo de várias crianças ouviu e respondera todas, aos saltos: “sim, sim, sim!”.

Vamos ser crianças e viver?

 
VaniaTavaresLogoCrónica de Vânia Tavares
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