Rapidinha – Teresa Isabel Silva

Em consequência das expressões “é para amanhã, deixa lá não faças hoje” e “amanhã também é dia”, muitas pessoas tem que fazer numa rapidinha tudo aquilo que deixou por fazer nos dias anteriores.
A população portuguesa tem uma vida atarefada. Mas se juntarmos a acumulação de trabalhos que podiam ter sido feitos na véspera vimos mesmo o povo é multifacetados.
Mas não é só de coisas e assuntos pendentes que vivem as rapidinhas lusitanas. Os combustíveis sobem rapidinho, o IVA sobe numa rapidinha, o orçamento familiar desce numa rapidinha, e assim sucessivamente. Resumidamente, nós em Portugal já não sabemos fazer nada que não seja feito numa rapidinha.
No estado em que estão as coisas até o amor é feito numa rapidinha, é um beijo rápido e um abraço fugaz, isto tudo porque os casais, muitas vezes nem têm por para mais. E muita gente se deve perguntar porque é que eles não têm tempo. Pois é, eles não têm tempo porque deixaram para hoje coisas que podiam ter sido feitas ontem!

Como todos sabemos (ou pelo menos deveríamos, porque este é um daqueles ensinamentos que se cansam de ensinar nas escolas), a pressa é inimiga da perfeição. Todos sabemos por experiência própria que coisas feitas numa rapidinha muitas vezes ficam mal feitas. Mas temos bons exemplos para mostrar isso. Por exemplo, o IVA sobe, esta subida é tão mal planeada que prejudica toda a gente. Ou seja em vez de ajudar só fez pior.
Teoricamente falando, se aquilo que é feito numa rapidinha é regra geral mal feito, e se os casais fazem tudo numa rapidinha, não me surpreende a próxima geração esteja completamente afectada. Acho que foi assim que se criaram as criancinhas violentas.
Mas parar é morrer, que o digam os mortos que deixaram assuntos pendentes para a pós-morte que podiam ter sido resolvidos em vida.

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas