Regresso ao Presente – Da Ocidental Praia Lusitana

As dúvidas manifestadas por Passos Coelho “e sus muchachos”, acerca do regresso aos mercados, já em 2013, representam a imagem do “desgoverno” que marca a política do executivo governamental.

Com efeito, enquanto uns afirmavam como real a possibilidade de aceder aos mercados internacionais, na venda de dívida pública, já outros se apressavam a desmenti-lo. Parece que o governo se deslumbrou com os bons resultados da venda de dívida pública (o melhor leilão efectuado dentre um conjunto de países incluindo Espanha ou Itália), e as baixas taxas de juros obtidas.

Simultâneamente, a Troika garantiu que os resultados da austeridade em Portugal são bons, mas representam apenas o início de um programa duro de medidas, e que o grande desafio do governo será criar condições para gerar emprego e crescimento.

Ora, posto isto, também vimos todos que na semana passada a questão incómoda para o governo dos subsídios de férias e de natal, quanto ao retomar da sua concessão, voltou a “abanar” os senhores PSD-CDS. É que atribuir subsídios novamente em 2014 ou 2015, ainda que feito de forma parcial, significa poder ganhar votos em ano eleitoral (2015), mas também perder importantes verbas em caixa, obrigando o governo a gerar receitas noutras áreas. É certo e sabido que se não houver criação de postos de trabalho, não há novas contribuições para a Segurança Social e para a Direcção Geral dos Impostos, por exemplo.

Regressemos então ao presente. Quase 15 por cento de desemprego, recessão a apontar para perigosos 4 por cento, gasolina acima dos 1,75 €, inflacção a rondar 3 %…dá mesmo vontade ao governo de dar um salto para o futuro, não? É sempre uma enorme enxaqueca perceber que apesar de todos os cortes e golpes certeiros feitos à economia e aos portugueses, o governo não é simplesmente “dono do seu destino”…

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana