Rejeição – Bruno Neves

Rejeição. Poucos sentimentos são tão dolorosos como este. E se pensa que é só nas relações amorosas que a rejeição está presente está profundamente enganado.

Obviamente que as relações amorosas são o principal exemplo, mas as situações possíveis são diversas. Estar apaixonado é maravilhoso. Parece até que sentimos tudo de forma muito mais intensa. Mas mais maravilhoso ainda é saber que esse sentimento é reciproco e que a outra pessoa sente o mesmo por nós. Isso sim é o verdadeiro amor. Mas saber se esse sentimento é mútuo ou não nem sempre é fácil e pode originar confusões, mal entendidos e desilusões.

O facto de nós gostarmos daquela pessoa especial, daquela amiga mais próxima e que é sempre tão querida para nós (porque nestes casos há sempre amizades há mistura, não é?) não significa que ela sinta o mesmo. E há um momento em que decidimos avançar e temos “A” conversa. Aquele momento em que respiramos fundo e avançamos destemidos em direcção ao precipício, mesmo sabendo que as probabilidades de sucesso são semelhantes às de Portugal vencer o Euro 2012. E a dita conversa na esmagadora maioria dos casos é assim que decorre: um avanço da nossa parte, o espanto espelhado no rosto contrário e uma recusa em tom amigável que nos faz dar um passo em frente rumo ao abismo, fazendo-nos perceber que tudo o que pensávamos serem sinais eram afinal de contas situações perfeitamente normais ou gestos queridos mas sem segundas intenções.

Ainda dentro das matérias do coração podemos também falar das relações de curta duração, ou seja, daquelas relações que parecem ter tudo para funcionar mas que subitamente acabam. E dependendo das relações tanto podemos estar do lado de quem rejeita como do lado do rejeitado, e escusado será dizer de que lado custa mais estar… O modo como vivemos o pós-final de relação depende da personalidade de cada um e de como for o final em causa, mas paira sempre no ar o sentimento de frustração, de termos sido apenas “usados” e de rejeição.

Mas a rejeição também acontece entre os amigos. Quem não foi já excluído do grupo de amigos(as) porque os restantes estão todos a falar sobre algo que para nós parece mandarim? Ou então quando parece que toda a gente pertence ao FBI e está a falar por código deixando-nos completamente à toa sobre tudo o que está a ser falado? Ah pois é, já nos aconteceu a todos pelo menos uma vez na vida. E nessas alturas que sentimento nos passa pela cabeça e pela alma? Rejeição, lá está. Agora o que mais irrita é quando esse grupo não só se apercebe que está a excluir alguém como ainda por cima parece estar realmente a ter prazer de o estar a fazer, isso sim deixa-me possesso!

Obviamente que este tipo de situações é diversas vezes involuntário e nem sequer tem malicia, mas não deixa de nos afectar. E verdade seja dita que já todos nós estivemos nos dois lados da barricada e também já contribuímos para fomentar em alguém o sentimento de rejeição.

Por isso lembre-se: “Evite a rejeição. Pratique a integração!” E eu nem sequer vou aqui dissecar os segundos sentidos deste lema….é que nem vou sequer começar!

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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