Sim, eu também protesto! – Teresa Isabel Silva

Segundo o dicionário a palavra greve, deriva do francês grève, e consiste numa interrupção voluntária e colectiva, de actividades e funções como forma de protesto ou de reivindicação.

Pois bem, cá em Portugal, a meu ver o que mais se faz é greve. Mesmo quando não se faz uma interrupção de funções, fazemos a cada minutos protestos e reivindicações por tudo e mais alguma coisa.
Concordo plenamente com o direito de cada um a fazer greve. É um direito nosso, e por isso temos que o usufruir. Mas obrigar outras pessoas a fazer greve, isso já é outra coisa.
No dicionário dos conceitos morais, está inerente que cada um tem o seu livre arbítrio e por isso, quem são os funcionários (disto e daquilo) para obrigarem a restante maioria a fazer greve?!

Por exemplo, no caso dos transportes, eles fazem greve, mas somos nós os utentes que ao pagarem os passes e as viagens lhes pagamos os ordenados! Estará correcto que por causa da greve deles, nós não consigamos ir para o trabalho que nos dá dinheiro para pagarmos os transportes?!
A economia portuguesa está mal! Longe de mim pensar ou dizer o contrário. Mas por muito pobre que seja a economia portuguesa, não nos podemos esquecer que está tudo ligado.

Depois da greve da STCP no Porto, a minha vontade foi, desistir do passe e começar a ir de carro para o trabalho. Fica mais caro, mas pelo menos poupo-me não só de aturar as pessoas mal-educadas que viajam, como também me poupo de chegar tarde ao trabalho que me dá o meu ganha-pão.

Outra coisa que me irrita nas greves é que, quem as faz nem sempre as faz como protesto. Muita gente adere ás greves porque vê nelas a possibilidade de fazer um fim-de-semana prolongado, ou a possibilidade de dormir os tradicionais “mais cinco minutos” que não iriam dormir se tivessem que ir trabalhar.
Se greve quer dizer protesto, quem a faz teria que estar oficialmente a protestar! TODA a gente que faz a interrupção voluntária das suas funções como forma de protesto devia de estar num local a expressar o seu desagrado.


Mas eu, bem lá no fundo, mais fundo do que um poço, compreendo esta nova noção de greve. Nós, os portugueses estamos a seguir o exemplo que vimos. O governo também está a fazer uma interrupção voluntária das suas funções há bastante tempo, mas ninguém o viu a protestar.

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas