Sonhar… o Natal ! – Maria Matias

Sonhar… o Natal !
Talvez não seja por acaso que o Natal é no inverno… no tempo do frio, da chuva da neve…! Sim eu sei… não é igual em todo o globo. Mas em Portugal é assim. Talvez até este Natal seja para muitos portugueses o mais “frio” de muitos natais que o antecederam! Ou apenas mais um Natal cinzento e frio como muitos que já passaram e outros que se adivinham no futuro!
Não quero ser pessimista, não costumo sê-lo, mas atrevo-me a pensar que os próximos não serão tão melhores!
Bem sei que sou suspeita neste assunto, porque nunca gostei do Natal. A primeira coisa que me ocorre ao pensar no Natal é que passe depressa! E não só não sei explicar bem porquê este sentimento, como também não é coisa recente! É um sentimento que me invade desde que me lembro de ser gente!
Talvez seja apenas porque gosto de sol, e no Natal não há sol nem calor…! Há muito que tento acreditar nisso. Ou talvez seja porque sempre defendi a máxima que “Natal é quando o homem quiser”.
Mas os enfeites nas janelas, as luzes nas ruas e mesmo as lojas com as montras a cintilar, não são motivo suficiente para mudar o que sinto. Talvez seja neste tempo de Natal que mais lembramos os que pouco têm, talvez seja nesta quadra que alguns (muitos) ajudam como podem as instituições que trabalham para minorar a pobreza deste e doutros dias em muitos lares, quando os há! Porque nem sempre há um lar…!
E eu tive um sonho… um sonho que não “posso” realizar. Sonhei que vinha para a rua na noite de Natal e tinha uma mesa do tamanho do mundo… com a consoada que cada um não tem e devia ter…! Não, não sonhei que dava presentes… sonhei que “dava” empregos aos desempregados, que pagava as dívidas aos sobre endividados  as propinas aos estudantes que vivem situações dramáticas e que trazia esperança para dividir pelos jovens que querem trabalhar após terem feito a escolaridade e não conseguem e também companhia para minorar a solidão de quem vive só!

Pois, mas não há milagres. A realidade impõe-se nua e crua e as dificuldades das famílias não desaparecem só porque é Natal.
Não posso realizar este sonho, eu sei, mas talvez possa fazer a minha parte, porque a “guerra começa sempre no nosso quintal”, talvez possa este ano “convidar” alguém que não tenha Natal, a juntar-se quem sabe lá em casa, á nossa consoada e simbolicamente fazer o meu Natal acontecer, porque Natal, deve ser dádiva e talvez eu não tenha muito mais para dar!…
Boas festas a todos, pensem nisto…!

Crónica de Maria Matias
No limiar da….rutura!