Todo um Compacto de Cinema

Mais um mês se passou e o ciclo recomeça. Os Óscares são uma espécie de Ano Novo atrasado (ou antecipado) que eventualmente fecham um ciclo anual de crónicas e recomeçam outro. Enquanto tudo isto aconteceu, e todas as mudanças do espaço que aqui dispomos foram ganhando forma juntamente com um novo nome, muito ficou por dizer, e esse muito por vezes percorre um número considerável de tempo. Esta é a crónica que tenta retomar o equilíbrio numa espécie de salada de temas que se escaparam nos últimos meses até há bem pouco tempo. Não vou obviamente percorrer tudo, mas vou filtrar alguns temas relevantes por ordem cronológica numa espécie de newsflash cinematográfica do que acho pertinente, em jeito de recomendação, por vezes passando ao lado do que os leitores esperariam ou pensariam relevante. Vamos a isso…

Manuel de Oliveira (1908-2015)

Vamos começar com uma nota de pesar, é certo que os media nacionais e internacionais já cobriram este tema até à exaustão com manchetes, reportagens, simples noticias ou ovações. Manuel de Oliveira era e é uma das figuras incontestáveis da realização tanto em Portugal como por esse Mundo fora. Não sou particularmente próximo da obra do cineasta embora tenha visto inúmeros excertos dos seus filmes, e também e na integra Palavra e Utopia (2002) que conta a vida do Padre António Vieira  e há muitos anos  Aniki-Bobó (1942), um retrato bastante vivido da cidade do Porto no seManoel-de-Oliveira-1u lado mais social. Ambos os filmes com temas muito próprios mas que realçam as particularidades únicas do realizador, que com um ritmo próprio podem afastar a audiência menos preparada. Bem se goste ou não o importante é entender a abordagem realista de muitas das fitas e reter os objectivos do cineasta, não descartar prontamente a qualidade do conteúdo devido ao nosso gosto. Fica aqui a homenagem, que dispensa um pouco a hipocrisia de quem de repente tomou a obra de Manuel de Oliveira como vista sem ter visto nada, e livremente comentou e escreveu sobre o realizador. Confesso assim um pouco da minha ignorância face a uma grande parcela da obra do cineasta sem dispensar o conhecimento que adquiri e honrando dentro da parcela do meu saber o que posso concluir.

Sugestões de cinema

kingsman-poster-mainDurante os últimos meses e maioritariamente devido aos Óscares, um dos filmes que pretendia analisar está neste momento num limbo que ultrapassa o limite das novidades. Vou por isso sugeri-lo como recomendação para quem ainda não viu. Falo do filme de acção e comédia Kingsman: Serviços Secretos que estreou já no mais ou menos longínquo dia 19 de Fevereiro de 2015. Um filme bastante importante pois revitaliza de forma surpreendente o equilíbrio entre dois géneros com uma qualidade estonteante que poderá vir a marcar uma geração de filmes futuros. Em primeiro lugar apresenta um elenco de luxo que conta com a presença de Colin Firth, Samuel L. Jackson, Michael Caine e Mark Hamill. Em segundo lugar, tem uma historia que embora denote gravidade tem um igual grau de comédia que mantém a audiência num misto entre as gargalhadas e a seriedade. Um filme com cenas de acção estonteantes gravadas de uma forma muito particular, merece ser visto pela sua inspiração descontraída em filmes de espiões com um ritmo constante. Pode ser ofensivo devido a sua violência gráfica, e aos locais escolhidos para a mesma, mas o filme de Matthew Vaughn não chega nesse aspecto nem de perto a filmes de outros realizadores como Quentin Tarantino.

jSPtAWXKd4NFJInCiA653bxdf8LE como a vida não são só blockbusters tenho uma sugestão um pouco diferente em mente. Produzido pela HBO, o documentário Going Clear: Scientology and the Prison of Belief pode revoltar os mais sensíveis mas traça uma visão complexa da religião que marcou o panorama norte-americano de forma negativa, a Cientologia. Se desconhece esta religião ou quer saber como de facto se processa a sua instituição prepare-se pois são duas horas bastante revoltantes e por vezes incompreensíveis que o podem fazer questionar esta e outras seitas. Como sabemos algumas figuras importantes de Hollywood estão ligadas a esta religião, como é o caso de Tom Cruise e John Travolta, e são mencionadas em alguma extensão durante o documentário. Conta também com depoimentos únicos de quem viveu de perto, acreditou neste culto e decidiu mais tarde retirar-se, com grandes  consequências para os próprios numa religião que não aprecia desertores.

Em estreia – Os Últimos Cavaleiros (2015)

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Chegou hoje às salas de cinema um filme realizado pelo japonês Kazuaki Kiriyae com a participação dos actores Morgan Freeman e Clive Owen. Um filme com muito potencial que decorre num mundo medieval fantástico sem magia, num estilo sombrio mas de certo modo renascentista e oriental. O universo do filme é no entanto bastante pequeno e a narrativa embora se debruce sobre temas como a honra e o poder fica aquém de outros do mesmo género.Um ligeiro plot twist deixa algumas questões pertinentes numa historia que peca pela sua fraca execução. Haveria muito por explorar neste mundo ficcional mas a intriga é apenas um fenómeno microscópico que na sua simplicidade deixa pouca margem para dimensões complexas. A cinematografia e a montagem são por vezes mal executadas entre cenas mas o ponto que mais pode ofender os mais atentos são as representações fracas de alguns dos actores secundários. O vilão representado por Aksel Hennie tem os seus momentos de glória mas por vezes sofre de completos exageros em termos de representação, num overacting de níveis absurdos. O imperador (Peyman Moaadi) tem o mesmo problema de representação  mas num esforço pouco convincente ou quase nulo. Destaque no entanto para três actores, Morgan Freeman, Clive Owen e Tsuyoshi Ihara que salvam o filme com as suas representações.

 Ultrapassando e ignorando os problemas óbvios e encarando a história e o filme com expectativas moderadas é possível usufruir de uma experiência de entretenimento razoável. Se procura uma história mais complexa com uma qualidade acima da media, dentro do género, talvez este filme não seja para si.

Picture1  6.0

Trailers

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Na ultima semana dois dos filmes mais esperados (e temidos) deste e do próximo ano tiveram direito ao seu trailer. Em primeiro lugar mas, mais longínquo, Batman vs Superman: Dawn of Justice com data de estreia para 23 de Março de 2016. No seu trailer é possível vislumbrar um filme muito mais sombrio e alguma descrença na figura de Super-Homem. Podemos ver Ben Affleck por breves momentos enquanto este olha directamente para lá da câmara. Ainda mostra pouco, o que é normal tendo em conta a sua data de estreia, mas é já compreensível o conflito que marca o filme e que está desde logo impresso no titulo. Ainda é um grande “ponto de interrogação” mas é certo que pode significar uma nova era para ambos os super-heróis da DC.

MV5BNTg1NDQ0MTI1NV5BMl5BanBnXkFtZTgwMTk0ODUzNTE@._V1__SX1617_SY853_Por outro lado, também a grande estreia deste ano ganhou o seu segundo trailerStar Wars: The Force Awakens parece corresponder às expectativas dos seus fãs. Revelado durante a Star Wars Celebration em Anaheim, Califórnia mostra algumas das novas personagens, alguns momentos de acção, os novos stormtroopers e o novo vilão. Parece também manter a magia da trilogia original com narração e suposta aparências de um suposto Luke Skywalker (Mark Hamill) e sem margem para duvidas de Han Solo (Harrison Ford) e Chewbacca (Peter Mayhew). Um trailer que atingiu recordes de visualizações e emocionou os fãs mais dedicados.

Que Força esteja convosco, até ao próximo mês com mais cinema (menos compactado espero)…