Tudo o que é belo – Sofia Marques

A vida nas cidades é demasiado agitada e cinzenta. Estou cansada de tantos carros, barulho, miséria. Sim, miséria. Daquela que vemos nos olhos e no corpo dos mendigos na rua, que muitos escolhem ignorar.Porque nos sentimos culpados por ter um tecto na cabeça, por sermos esquisitos com a comida ou discutirmos acerca de tudo e de nada.

Só aí nos apercebemos da complicação que fazemos da nossa própria vida. Na maneira como fazemos de tudo um pequeno “drama” e não consideramos a dádiva que a vida é. Como eu , tão nervosa com os exames que não via a situação de uma das minhas melhores amigas, com a mãe doente no hospital , e a quem eu estava a exigir atenção sem necessidade.Ficamos egoístas e exigentes quando não reconhecemos a sorte que temos e o milagre que é a nossa própria existência , talvez vulgar ; mas cheia de pequenos momentos de alegria e prazer; talvez com algum stress, mas compensadora.

Estes pequenos momentos devem ser aproveitados e saboreados , mas não devemos ignorar, como à pouco dizia, as coisas más à nossa volta.

Ajudar os outros é compensatório , num mundo em que a solidariedade já é rara e o individualismo reina. Dar nem que seja um sorriso a quem não o tem , calor humano às pessoas que , por terem tido menos sorte na vida , os outros rejeitam.


Crónica de Sofia Marques
A minha Vida e outras Insanidades