Um dia fresco de verão – Vânia Tavares

As pessoas são como a meteorologia de hoje em dia: ninguém sabe o que esperar.

Olho para as diversas fotografias tiradas há um mês e apercebo-me de que o calor dos sorrisos, a brisa da ternura e os raios luminosos da confiança que elas transbordam foram, agora, substituídos por frias intrigas ridículas, chuvosos espasmos de inveja e uma enorme avalanche de criatividade no que toca a prejudicar os outros.

A suave e doce primavera já não existe, a harmonia dos pequenos elementos naturais foi destruída e já ninguém tem paciência para apreciar devagar a flor que existe em cada um, muito menos em si próprio.

Ninguém sabe o que esperar.

Hoje, beijam-se de forma intensa ao nascer do sol, abraçam-se de modo íntimo à volta do céu alaranjado e acariciam-se. Amanhã, espancam-se na sua casa sombria, atiram-lhe uma rajada de palavras assustadoras e, por fim, molham-se uns aos outros com gotas de água irada. Mas nunca chegam a deixar que as folhas amarelecidas dos gostos e das preferências deslizem com suavidade sobre a maneira de pensar de cada um. É tudo demasiado rápido. Já não existe o meio termo, apenas os extremos.

Encontro-me nesta praia, desorientada e desiludida, e, subitamente, sou confrontada com chuva violenta e ventos fortes; não tenho nenhuma defesa, pois de manhã estava uma agradável temperatura de verão.

VaniaTavaresLogoCrónica de Vânia Tavares
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