Um governo “partido ao meio” – Nuno Araújo

Este governo é uma cambada de neoliberais “amadores”. Senão veja-se: Portugal regressou aos mercados, mas o governo deitou tudo a perder com a crise gerada pelo conflito existente entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.

Portugal regressou aos mercados, na passada semana. Com um juro de 5,65%, o IGCP lançou a venda de títulos de dívida pública, no valor de 3 mil milhões de euros. Se por um lado a notícia é boa, indicando uma menor dependência da Troika para o governo se financiar, por outro lado a dívida pública aumenta à mesma, e o problema do endividamento do estado não se resolve, à mesma e como sempre. Terei mesmo de lembrar que esta é a prova de que as dívidas são eternas…

Ora Passos Coelho decidiu que este é o momento para afrontar Portas. O líder centrista afirmou estar contra mais cortes sobre reformas, e Passos Coelho subiu a “fasquia” do corte de 3,5% para 10%. Será este o “fim da linha” para o governo? Parece que sim…mas Portas deu já o dito pelo não dito várias vezes, e como líder partidário com “prazo de validade” bastante alargado, Passos Coelho poderá sair “mal na fotografia”. Com isto quero dizer que Portas, mesmo que “roa a corda” e seja o responsável pela queda do governo, será à mesma líder do partido de “trincheira” da direita em Portugal, pois em caso de eleições os conservadores do PSD não irão votar em Passos Coelho, líder que desprezam por tudo aquilo que ele tem feito ao país e por tudo aquilo (de mau) que ele representa.

O PS, por António José Seguro, está mais do que preparado para enfrentar um “Verão quente”, pois as “tricas internas” do governo só irão desgastar o executivo de direita, e com isso, o país sairá enfraquecido, pois continuará a ter um governo neoliberal PSD-CDS determinado a subjugar os interesses do país a interesses de credores internacionais.

Esperemos pelo desfecho de mais um episódio na crise de um governo “partido ao meio”.

 

ELEIÇÕES NOS PELOURINHOS 2013

Gaia

Carlos Abreu Amorim, candidato pelo PSD à Câmara Municipal de Gaia, criticou nesta semana que passou o “infâme” ministro das finanças, Vítor Gaspar. Se bem que criticar esse ministro não seja “crime” e até seja visto como algo de “bom senso”, virtude que não assiste ao ministro em causa, cometer uma deslealdade para com o partido (PSD) pelo qual foi eleito como deputado à Assembleia da República, e do qual é vice-presidente da bancada parlamentar, já é algo lamentável em política. Apesar de Amorim não ser (tanto quanto sei) militante do PSD, isso não o coloca bem em toda esta situação, independentemente da razão que possa ter quanto à necessidade de Gaspar ter de sair do governo (tendo razão, ainda deveria ter acrescentado que “chegou ao fim o tempo do governo no seu todo).

De resto, a resposta dada por Jorge Moreira da Silva, antigo assessor político de Durão Barroso em Bruxelas, só podia ser bem estruturada e “acutilante”, até devido à experiência adquirida pelo actual porta-voz do PSD, e de facto a mensagem transmitida a Amorim foi inequívoca quanto ao mau “taticismo”. Esse “taticismo” só poderia ter a ver com a vontade de Amorim em colher “simpatia popular” pelas suas palavras contra Gaspar, e suspeito que Eduardo Vítor, do PS, saia beneficiado nas eleições autárquicas, até porque Guilherme Aguiar será candidato independente, e irá “roubar” decerto votos ao PSD, o seu antigo partido, e que o “traiu” (partido esse que Aguiar também já traiu…).

Oeiras

Em Oeiras, Isaltino Morais já não é presidente da Câmara Municipal. Fez o que se lhe exigia: suspendeu o seu mandato enquanto edil do concelho, e renunciou ao cargo de presidente do SMAS, cargo que ocupava por inerência de funções. Paulo Vistas, vice-presidente de Isaltino, assegura desde a semana passada a presidência da autarquia, fazendo com que o concelho volte a “funcionar”, ainda que isso não aconteça da melhor maneira.
Cascais

Em Cascais, as “contas” das eleições podem vir a ser “baralhadas” pela presença de uma candidatura independente: a de Isabel Magalhães, pelo movimento Ser Cascais. Esta candidata já foi vereadora independente no concelho, de 1998 a 2001, e agora vai a eleições, três anos depois da formação do seu movimento. Fazendo jus à sua “fama” de advogada, irá defrontar João Cordeiro, pelo PS, e o actual presidente da autarquia, Carlos Carreiras.

Cascais é, como qualquer autarquia da área metropolitana de Lisboa, uma câmara “apetecível”, sobretudo devido ao potencial que tem em gerar dividendos advindos de actividades como o turismo, comércio, entre outras, e assim poderá sofrer o “assédio” de candidaturas várias que poderão mudar o equilíbrio de forças no palco político.

 

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana