Um presente envenenado 2/3 – Bruno Neves

Esta semana é publicada a segunda parte (de três) do novo conto da minha autoria. O final acontece já na próxima semana, não podem perder!

Obviamente que o reencontro não podia ter sido melhor. A conversa desenrolou-se facilmente em redor de pratos típicos da Turquia até serem horas para irem assistir ao tal treino. O treino decorreu sem problemas enquanto na bancada ambos assistiam a tudo. No fim do treino o jornalista foi apresentado a todos os jogadores agenciados pelo seu amigo, cinco no total. Um deles propõe irem todos jantar a um restaurante local que conhece bem e que afirma possuir uma qualidade superior à normal. Todos aceitam e poucos minutos depois já todos estavam sentados à mesa com a ementa em mãos.

Todos falam um pouco de si mesmos e da sua vida. Apesar do ambiente descontraído o jovem sabe muito bem o motivo para ali estar: recolher informações que lhe possam dar alguma pista para a sua busca. Ou quem sabe alguma dica por onde deve começar. Foi então que um dos jogadores conta algo que despertou a sua atenção: os seus pais são donos de uma cadeia de hotéis que está espalhada por toda a Turquia. O nome da cadeia de hotéis faz soar um alarme na mente do jovem repórter.


De repente lembrou-se de uma reportagem que tinha lido há uns meses atrás numa qualquer revista ou jornal estrangeiro sobre a máfia turca. Um dos imensos detalhes descritos por um jornalista que se infiltrou nesta perigosa rede era o facto de eles utilizarem sempre uma determinada cadeia de hotéis para os seus “negócios”. O nome da cadeia coincide com o que ele tinha acabado de escutar da boca do jogador de futebol.

Fez-se então luz sobre qual deveria ser o seu próximo passo. A noite já ia longa e no dia seguinte tinha de se levantar cedo. Despediu-se dos presentes e regressou ao seu quarto de hotel. A sua frieza em relação a este assunto não deixava de o espantar. Nunca pensou ter tanta força e determinação.

No dia seguinte opta por alugar um carro, para não estar dependente dos táxis ou dos transportes públicos, e colocou-se em posição frontal à entrada do hotel. A sua estratégia era simples: observar as entradas e saídas do hotel durante um par de horas em busca de movimentações suspeitas. Não sabia o que faria de seguida, mas tinha decidido avançar passo a passo, com calma e consoante decorresse a sua investigação.

Diversas jovens demasiado produzidas entravam e saíam constantemente do hotel, sempre acompanhadas de homens dos mais diversos escalões sociais. Tornou-se então claro que o próximo passo só podia ser um: fazer-se passar por cliente e tentar descobrir algo mais. Interceptou uma das meninas e solicitou os seus serviços. Ela aceitou prontamente o cliente e ambos dirigiram-se a um quarto do já referido hotel.

Optou por desde o início deixar bem claro que não queria sexo. Apenas queria conversar, falar um pouco. Chegaram ao quarto e o jornalista prontamente começou a falar de si, contudo nada do que contava era verdade. Era tudo inventado, para não correr riscos desnecessários.

Até que a certo ponto assumiu ser português. Ela fez uma cara de espanto e rapidamente afirmou também ela ser portuguesa. Ele ficou tão surpreso quanto ela e começaram ambos a falar em português. Criou-se uma empatia e ele percebeu que podia confiar nela. Decidiu abrir o jogo e contar o verdadeiro motivo da sua presença ali.

O que irá acontecer a seguir?
Não podem perder o final deste conto já na próxima semana.

Boa semana. Boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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