Uma cicatriz para a vida – A minha vida dava uma Crónica

A minha vida não é perfeita e a prova disso é que há uma cicatriz que me acompanha nos bons e nos maus momentos. Grandes feridas de amor exigem grandes cicatrizes. Um amor mal cicatrizado não se cura. Uma perfeita cicatriz não deixa de ser uma marca que dificilmente desaparecerá mas que pelo menos faz o sofrimento cessar. O que é bem diferente de dizer que uma cicatriz é uma cura.Oh se é diferente…
Estas metáforas são deveras bonitas mas não têm nada a ver com a cicatriz que eu ostento. A minha cicatriz é real, é uma cicatriz de carne e osso. Neste caso é mais de carne do que osso.
Cicatrizes reais são marcas de guerra. São demonstrações de masculinidade. Ter uma cicatriz é ter uma marca para a vida. É ter uma tatuagem… mas uma tatuagem “à homem” feita com sangue, lagrimas e, se estiver a praticar desporto quando o acidente aconteceu, também com suor.
A minha cicatriz é o que carinhosamente designo por “cicatriz de menina”.Uma pequena e quase imperceptível cicatriz por cima do lábio superior, do lado do coração.
Mas o que interessa não é o tamanho da cicatriz mas sim a sua história. E quantas pequenas cicatrizes encetam em si histórias de sobrevivência a furiosas balas que não lograram sua missão? Quantas pequenas cicatrizes não resultaram de navalhadas que indiciaram espantosas manobras de defesa por parte de quem se recusou a aceitar o destino de ficar a esvair se em sangue para a eternidade?
Também a minha cicatriz resultou de um acidente ao qual sobrevivi.
Tinha cerca de 3 anos e fui contra uma mesa…enquanto cantava e dançava o “eu vi um sapo”.
E desde esse dia nem uma apendicite tive para pelo menos ostentar uma cicatriz que não fosse de menina, se não no conteúdo pelo menos na forma.
É que esta cicatriz é uma cicatriz que levo para a vida. Sim…desta vez é metaforicamente falando.

Crónica de João Pinto Costa
A Minha Vida dava uma Crónica
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