Onde estás Máquina do Tempo? Tenho prolongado os meus dias da melhor forma possível, do jeito que consigo. A cada hora que passa esta chama perde a força, lutando contra o vento que a tenta apagar num sopro intolerante e enfurecido.
Acordo para mais um dia e abro o jornal. Será que é hoje que os meus olhos encontram aquelas palavras que há tanto ansiosamente busco? Já não me recordo quando começou este sonho de ter uma máquina do tempo.
É a minha última esperança…a invenção desta máquina mágica que me leve de volta ao passado. Sei exatamente para que tempo regressaria. Sei o ano, o mês, o dia e a hora. Conheço aquele local como se ainda lá estivesse imóvel, pensativa, congelada no tempo que passou.
Arrependimentos? Não me arrependo das coisas que fiz. Pior, arrependo-me das que não fiz. De todos aqueles sonhos que ainda hoje me visitam diariamente. Daqueles sonhos e desejos do que queria para o amanhã e que deixei morrer, num amanhã que nunca chegou. Talvez amanhã, pensava eu… e uma vida se passou.
A esses sonhos deram lugar obrigações, deveres, responsabilidades e necessidades imediatas que espezinhavam e encobriam de escuridão aquilo que queria. Agora é tarde. Resta-me apenas a esperança de voltar atrás e começar tudo de novo.
Acordo para mais um dia. Hoje percebi que a máquina do tempo sempre existiu. Estava dentro de mim e bastava-me apenas ter carregado no botão de Ação para ver o mundo mudar à minha volta. Podia ter sido ontem, poderia até ser hoje não fosse eu estar no fim da minha já longa caminhada. Deixei passar as horas, vi os sois e as luas iluminarem a minha frustração de mais um dia em que nada mudou. Não mudou porque nada fiz para que mudasse. Acatei a minha inércia como se de um ditador de tratasse, escrava da minha própria apatia.
Hoje percebo que o arrependimento de algo que fiz é um aprendizado. Já o arrepender-me do que deixei escapar é uma incógnita que me corrói por dentro, todos os meus “e se…”? Será tarde demais?
Nunca é tarde demais para aprendermos, para nos apaixonarmos, e muito menos para seguirmos os nossos sonhos. Os sonhos e a felicidade não têm idade, não têm hora. Acontecem quando nos permitimos ser felizes. Quando nos sentimos finalmente merecedores de tais concretizações. Todos merecemos ser felizes e o melhor? Depende apenas de nós.
Não existe limite na palavra felicidade pois ela é feita de momentos, não é eterna nem constante pois se assim fosse, não seria felicidade. Mais vale tarde do que nunca…mais vale hoje do que amanhã porque o amanhã, é um grande ponto de interrogação.
A vida faz-se de pequenos sonhos. A felicidade vem dos momentos em que estamos rodeados daqueles que amamos e que nos amam de volta, das pequenas coisas que fazemos e que nos retribuem uma sensação de missão cumprida.
A beleza está nas coisas mais simples e mais primitivas que existem, naquelas coisas que o dinheiro não paga. Naqueles gestos que aquecem o coração e que emocionam… um abraço, um sorriso. Seja grato por aquilo que a vida lhe dá, de igual forma como sorri quando a vida lhe tira algo.
Não deixe os seus sonhos para amanhã. Nunca se sabe quando esta maravilhosa jornada acaba e amanhã poderá ser tarde demais. O tempo não volta atrás mas todos os dias nascem perfeitos para se começar de novo.
Gostei. O TEMPO é, por si só, a variável das variáveis. O que se gasta sem qualquer desgaste. Se fosse eu, realmente só o media pelo peso daquilo que nos afecta e que deixámos por fazer. De facto, só nos apercebemos realmente da sua existência, de tempos a tempos – e bem de repente – através da nossa própria imagem reflectida em qualquer caco de espelho com que nos cruzamos na vida…
Um beijo Sofia
CSoares