Com jeito vai o mundo

Depois de estar afastado praticamente um ano, agradeço o convite que me trouxe de volta, com vontade de fazer mais e melhor.
No +opinião já deixei duas séries de crónicas a meio. Deixar trabalhos a meio, é trabalho reconhecido, de tal forma que durante este tempo, pensei em dedicar-me à política. Mas os meus valores não me deixaram, e optei por continuar uma pessoa honesta.

Esta nova crónica pretende descascar e dissecar semanalmente, as notícias do mundo, com maior incidência nesta bonita e simpática terrinha Lusa.
Vamos então a isso.

Há dias decidi cavar o meu quintal, para enfiar no buraco uma bacia de plástico e fazer uma piscina de classe média, quando de repente descubro um objecto cor de laranja. Rejubilei naquele exacto momento, e estava prestes a ligar para as autoridades, a anunciar que havia encontrado a caixa negra do voo 370 da Malasyia Airlines. Eu simpatizo muito com o problema deles. Deus sabe o que eu sou gozado quando perco o carro num shopping, quanto mais eles que perderam um avião inteiro, que é muito maior e tem muito mais tecnologia do que o meu carro.
No fim de contas o objecto cor de laranja era a minha antiga vuvuzela, que eu perdi por alturas do Euro 2012. A minha mulher também não soube explicar como tinha a vuvuzela ido ali parar, limitou-se a dizer: “rais parta a minha sorte”. Mas sacudida, a terra é o adereço que me faltava para poder apoiar a selecção no Brasil. Não que eu vá lá, mas se soprar com muita força para a televisão,  eles lá sentem a energia.

Por estes dias todos os tugas respiram Selecção Nacional, e a imprensa parece adivinhar todas as questões que passam na cabeça dos portugueses, e na dúvida fazem reportagens especiais para responder a todas:
“A que horas o Ronaldo mandou um SMS à Irina?”
“O Raul Meireles já arranjou um corte em condições?”
“O que faz o Hugo Almeida na selecção nacional?”
Como um bom tuga segui atentamente a ida em directo da selecção nacional ao Palácio de Belém para almoçar, e sabem aquele momento em que toda a comitiva se alinhava à espera do presidente?
Ninguém me tira da cabeça que naquele momento a D. Maria Cavaco Silva à volta dos tachos e das panelas estava na cozinha a gritar:
“Oh Aníbaaaaalllllll tira as patunfas e calça uns sapatos que os miúdos já chegaram para comer.”

Na terra de nuestros hermanos, o Rei Juan Carlos abdicou ao trono, e cedeu o poleiro ao filho. Deixa-nos a pensar que Espanha não é assim tão diferente de Portugal. Embora em Portugal a tradição mande abdicar do poleiro cedendo o lugar aos afilhados, ou ao jeito português, abdicam, mas ficam a comer da mesma gamela.
El Rey Juan Carlos, fica assim mais tempo com mais tempo para as caçadas, e para as alemãs, para o bem da Europa, e já que ele gosta de caçar elefantes, podia juntar o útil ao agradável, e dedicar a sua reforma a tombar a Angela Merkel, com a espingarda que ele quiser…

Assim vai o mundo.