Vivi uma pequena, mas assustadora história de terror!

Estava eu, pacatamente, na minha cama a ter um sonho espectacular que envolvia duas suecas, um Ferrari e um excelente dia de calor numa praia de Miami, quando sou, literalmente, arrancado do sono por um som assustador. Era um som característico, mas eu não o estava a reconhecer, talvez por ainda estar meio hipnotizado pelo sonho que estava a ter momentos antes. Após alguns segundos a reflectir sobre aquele som, eis que chego à conclusão que se tratava de alguém a bater-me, de uma forma bastante violenta, à porta. Levantei-me com aquela típica vontade de desancar alguém, quando somos acordados de uma forma violenta, e lá fui ver quem era.

Espreito pelo pequeno buraco da porta, e apercebo-me de um vulto do outro lado. Um vulto que, à primeira vista, usava um boné e um colete. Fico alguns segundos a decidir se devo abrir a porta, e eis que o “vulto” decide voltar a bater bruscamente à porta. Talvez por estar a ficar impaciente de estar ali à espera que alguém lhe abrisse o raça da porta. Enchi-me de coragem e decidi abrir a porta.

Primeiro, abri apenas uma pequena brecha, para tentar perceber melhor de quem se tratava. E sim, confirmava-se que se tratava de um homem de colete e boné. E segurava, nas duas mãos, um pequeno pacote branco. Disse-me: “Bom dia! Será possível falar com o sr. Ricardo Espada?” Eu, ainda meio zonzo talvez devido ao sono que teimava em não abandonar o meu corpo, disse: “Quem deseja saber?!” E notei que uma expressão de impaciência tinha acabado de se formar na cara do homem.

Fiquei um pouco apreensivo e comecei a pensar calmamente na situação que tinha à minha frente. Um homem, vestido com um colete e boné cinzentos, estava à minha porta a segurar um pequeno pacote branco, e perguntava por mim. Senti um ligeiro arrepio na espinha, o que podia perfeitamente ser um presságio de que algo naquela situação não estava a bater certo. Olhei para o homem, e comecei a juntar as peças do puzzle. Ora, com um colete cinzento pode muito bem um bombista suicida, e naquele colete deve estar uma remessa de explosivos prontos a serem detonados. E o boné podia muito bem ser apenas um disfarce, para não ser descoberto. Olhei para o pacote branco que trazia na mão, e lembrei-me que podia estar lá dentro Antrax. Mas isso era um pouco absurdo, porque para colocar Antrax, bastava um pequeno envelope. Mas… podia ser uma bomba! Sim, fazia sentido! No caso de os explosivos que tinha à volta do colete por alguma razão não rebentassem, tinha um plano B: uma bomba no pacote branco.

Comecei a sentir a respiração cada vez mais ofegante, e juro que comecei a ouvir um “Tic-Tac” vindo de dentro do envelope. E pensei: “Raios! Estou tramado! Eu sabia que, numa das crónicas do MaisOpinião, não deveria ter abordado o tema do Jihadismo! É agora! Chegou a vingança deles! Oh pá, e logo agora que acabei de acordar e nem tempo para me pentear ou lavar a cara tive. Que man eira mais parva de morrer!” Mas depois apercebi-me que, provavelmente, iria desta para melhor com uma bomba, e isso não iria deixar vestígios meus – o que era estúpido estar a pensar que estava com os olhos cheios de ramelas, e pelo simples facto de que não possuo uma farta cabeleira que me permita acordar despenteado…

Enfrentei o homem nos olhos, e constatei que o “Tic-Tac” que ouvia, vinha do relógio de pulso que ele usava. Era um Swatch, todo catita. Um relógio bastante bonito. Logo de seguida, ele diz-me: “Olhe, desculpe, não se importa de assinar aqui, que eu tenho mais que fazer?” Fiz o que me pediu, e ele entregou-me o pacote branco nas mãos. E desapareceu, tão rápido que nem dei por tal. Voltei para dentro, coloquei o pacote branco em cima da cama, e pensei: “Bom, se é para ir desta para melhor, ao menos não vou falecer com a curiosidade de saber o que estava dentro do raça do envelope!” A medo, abri o envelope com uma total sensibilidade, que parecia estar a mexer em algo tão frágil que, ao mínimo toque, se podia estilhaçar todo. E lá de dentro, surgiram as seguintes palavras: “The Martian”!

Fiquei aterrorizado! Então, afinal aquele senhor era um marciano! Um extraterrestre! Estou condenado! Ele vai voltar e raptar-me para fazer experiências com o meu corpo! Mas, subitamente – como se alguém tivesse me tivesse dado um choque com uma pistola teaser –, despertei e lembrei-me que, afinal, o “The Martian” era um livro que eu tinha encomendado do estrangeiro e que finalmente tinha chegado! Feliz, enrosquei-me novamente debaixo das mantas, e avancei para a leitura do dito livro, enquanto pensava: “Ah, assim sim. Assim vale a pena ser acordado desta forma…”

Até para a semana, malta catita…