Vamos fugir a temas da atualidade

Vivemos um tempo recheado de assuntos e temas novos e variados para dissecar, debater e gerar discussão. Falemos então do COVID.

Foi em 2019 que conhecemos o COVID, mas foi em 2020 que percebemos quão enfadonha é a natureza. Passamos as últimas décadas a anunciar e prever fins do mundo, crises, guerras, e poucos foram aqueles que previram que o mundo ia viver o momento de pânico à custa de um vírus. A verdade é simplesmente deprimente, a natureza escolhe um bicho microscópico para vir contaminar a nossa vida. É um momento em que Hollywood realmente triunfa sobre a realidade, vírus que é vírus em Hollywood tem de envolver uma praga zoombie, não é matar gente sob a forma de tosse, ou dores de cabeça, ou vómitos ou o sintoma que descobrirem amanhã.

Mas foi um momento interessante!
Os ambientalistas estão felizes. O mundo está tão limpo que já descobriram ovos de Tiranossauros na Gronelândia. Não só curamos o mundo como vamos finalmente ter a resposta de quem nasceu primeiro – o ovo ou o dinossauro. E não duvidem disto, se leram na internet é verdade de certeza!
Os ambientalistas estão tão felizes que assim que o confinamento termine vão apanhar o primeiro avião rumo à Ásia para protestar sobre o excesso de uso de plástico e a ligação direta com a poluição do planeta terra, o aquecimento global e o buraco no ozono.
Por falar no buraco do ozono, isso era uma grande preocupação no fim do século passado, já passou? Passou porque os desodorizantes já não têm álcool? – Que mau timming, neste momento ter álcool até faz do desodorizante “O desodorizante”.
O desodorizante é mais ou menos como o plástico. Janeiro de 2020:
“Não usem copos de plástico!” “Reutilizem o plástico!” “Reciclem o plástico”
Março de 2020:
“Tudo em copos de plástico.” “Luvas para toda a gente.” “Deitem fora as luvas depois de utilizar, mas CUIDADO, não reciclem.”
Não queria ser puto nesta altura da vida, na era da informação a informação muda rapidamente demais.

Foi bonito ver o momento COVID em Portugal. Os portugueses foram um exemplo, porque são capazes disso, foram exemplo os portugueses ricos, os portugueses pobres ficaram no norte.

Foi um momento político histórico, com uma unidade bonita dos partidos, e a abstenção do PCP. Porque se não houver festa envolvida e resposta é nim. Avante.
Foi também o momento em que o André Ventura provou aos portugueses que é capaz de berrar senso comum, meia dúzia de banalidades que todos querem ouvir, e ideias extremistas que ainda assim têm público, com seriedade e num momento de pandemia.

A nota política positiva vai para o Costa, que teve de aceitar uma missão que ninguém queria, e em que era impossível deixar de ser criticado, e lá foi lidando com ela da melhor maneira. Deu uma lição à Europa, Costa de Peito feito a mandar postas de pescada ao ministro das finanças holandês, a mostrar de que são feitos os portugueses, como dizia o Raul Solnado “não magoa, mas desmoraliza muito”.
Tenho a certeza que foi um momento em que Costa brilhou dentro do partido, e fez em duas semanas um plano tecnológico muito melhor do que o Zé Sócrates que andou anos a enterrar dinheiro em Magalhães para vender à Venezuela.
Costa que por estes dias parecia uma espécie de super-herói que defendia os fracos e oprimidos  ainda teve uma palavra amiga para os professores, que em vez de sofrer bullying na sala de aula como deviam, agora sofrem bullying nas redes sociais…
Ainda na secção de “notícias reais da internet”, eu posso anunciar em primeira mão que a CMTV vai criar um curso (financiado pela União Europeia com exceção da Holanda) que vai ser ministrado aos professores da telescola: “Como monetizar o bullying das redes sociais”.
Não há ninguém que sofra mais bullying nas redes sociais do que a CMTV, só que chama-lhe engajamento e monetização. Tudo o que os professores ganharem com esta monetização de imagem será gentilmente cedido à TAP.