2015. Estados Unidos da América.
Antes de tudo o que possa escrever por estes lados, devo dizer que considero a América (e esta opinião tem apenas por base o que vejo, leio e ouço sobre a dita) um país muito diverso. Tanto tem pessoas mais “à frente”, como mais “atrasadas”, vamos do oito ao oitenta rapidamente e com várias paragens pelo meio.
Dito isto, regressamos a este ano, o belo do 2015 que está quase a terminar e a um dia na vida de uma mulher que costuma ser importante, o dia do casamento. Uma jovem americana de 22 anos (outra coisa que lá parece normal, o casar cedo. Eu, com mais dois anitos que a noiva, continuo solteira e boa rapariga e sem visualizar algo do género num futuro próximo.), no dia do casamento, chamou o pai e ofereceu-lhe uma prenda – convém dizer que pediu a atenção de todos os convidados para o fazer. E que prenda foi essa? Pois que nada mais, nada menos que um certificado de pureza, assinado pela ginecologista da jovem, comprovando a virgindade da mesma. E os dois, pai e filha, acabaram por pousar para a foto felizes, contentes e todos orgulhosos.
Frisei por duas vezes o ano em que aconteceu, 2015. Pensava que este tipo de coisas não aconteciam/existiam mais. Pelo menos nos ditos países desenvolvidos. Nada contra contra quem quer (e permanece) virgem até ao casamento. Mas certificar isso? E ainda por cima aos outros? Quem é que tem a ver com o que se fez ou não antes do casamento ou de juntar os trapinhos (senão coitados dos que nem chegam a casar). Não consigo entender o gesto, o porquê de se “oferecer” algo do género – por mais bonito que possa parecer a alguns. Até poderia entender, com algum esforço é certo, esta “prova” ao noivo, por exemplo na noite de núpcias, caso fosse algo importante para os dois e via como uma espécie muito espécie de preliminar. Agora ao pai? Em pleno casamento e chamando a atenção de todos? Para quê? Ah e falta referir que a foto, onde estão os dois orgulhosos e de certificado de pureza na mão, foi partilhada nas redes sociais pela noiva. Daí que quem não sabia que a jovem era virgem (pura se quiserem) passou a saber. A jovem disse que ofereceu o certificado ao pai para demonstrar que cumpria o prometido – parece que tinham feito um pacto aos 13 anos. Mas a sério que não bastaria uma conversa? Tinha de existir um certificado? E a médica? Será que ficou toda contente ao passar este certificado de pureza? Ou não terá sido esta a sua “primeira vez”?
Juro que tinha muitas perguntas a colocar a quem dá estes certificados, a quem os passa e a quem os pede (porque também os deve haver). Se alguém ler isto e fizer parte de algum dos “grupos” referidos e estiver aberto a questões, avise por favor, seria uma breve (ou não) interacção de perguntas e respostas.
Pensava que os certificados de pureza já não se utilizavam. Enganei-me. Estamos em 2015 e ainda há quem precise (queira) demonstrar que é virgem, que o hímen está intacto. E será que depois também vão pedir um certificado para quando o hímen já não estiver intacto? Será?
Haja certificados!
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