Experiência de saltos

Saltos altos. Aquele tipo de sapato que nos fazem sentir lindas, altas (para quem é baixa) e até com umas pernas espectaculares. Existem de vários feitios e de várias alturas. Uns mais finos, outros mais grossos, compensados, altos, baixos, médios, em cunha. Para todos os gostos e andares. E que muita mulher gosta de usar (e que muitos homens gostam de ver as mulheres usarem).

No entanto (tinha de existir um mas neste conjunto de boas coisas) nem sempre é fácil andar de saltos altos, especialmente tendo em conta o material do pavimento – a dita calçada portuguesa – e por vezes (o que me acontece admito) falta de jeito para andar com os ditos. Se juntarmos a isso as imensas horas que temos de andar de saltos altos piora a situação, chegamos ao final do dia com dores nos pés.

A dificuldade para andar de saltos altos, no meu ver, aumenta com a diminuição da grossura do tacão. Quanto mais fino mais a probabilidade de torcer um pé, cair, etc. Mas nós, mulheres, insistimos na causa, porque queremos estar sempre no nosso melhor. E ir de rasos, na maioria das ocasiões, não entra na categoria do nosso melhor.

Quantos de nós já fomos a casamentos, baptizados, comunhões e afins, e vimos (ou até fizemos isso) alguém no seu melhor, de saltos altos, e a meio da festa troca para umas sabrinas, umas sandálias mais baixas? Pois é verdade, sim. E o problema disto tudo é que ninguém do sexo masculino não entende o porquê de fazermos isto. Mais valia irmos logo com os sapatos rasos, devem dizer alguns deles.

Para tentar perceber se realmente andar de saltos altos é assim tão difícil como nós, mulheres, dizemos, um jornalista norte-americano decidiu andar de saltos altos durante 24 horas, um dia apenas. Refiro apenas que escolheu logo para se iniciar nestas aventuras saltos agulhas, coisa que não teria sido a minha escolha. O resultado deste dia? Ao fim de 11 horas já não existiam saltos altos nos pés do jornalista.

Tal como este jornalista, deviam existir mais alguns homens que deviam tentar estar meio dia (nem precisa de ser um dia inteiro) de saltos altos e fazer todas as tarefas que nós mulheres fazemos. Assim deixavam de criticar quando nos queixamos deles, percebiam o porquê de trocarmos por vezes os saltos altos por rasos. Deixem-nos andar de saltos altos sempre que nos apetecer, se não conseguirmos andar direito ou nos queixarmos dêem-nos a mão, ajudem-nos. Não nos chateiem a cabeça, já chega doer-nos os pés.