Muy buena serie – Valéria

Em tempos pandémicos e obrigatório confinamento, uma das atividades de lazer que mais tem entretido os portugueses é verem filmes e séries, quando escrevo entreter quero na verdade camuflar a enorme vontade que temos todos, ou quase todos, de nos atirarmos da janela ou corrermos nus pelas ruas desertas ( supostamente desertas ) e gritar aos quatro ventos que estamos fartos desta merda com palavrões épicos, mas como não podemos ou devemos fazer tal coisa, vamos nos abstrair da realidade sufocante com a grandiosa ajuda de um ecrã e do amparo recreativo em forma de distribuição digital.

Sou fã do serviço streaming, foi das melhores apostas que poderia ter feito especialmente numa altura como esta, o serviço streaming permite-nos ter liberdade fechados dentro de quatro paredes – um leque diversificado de séries, filmes, documentários, músicas, que podemos ver no ecrã à nossa escolha, no horário que nos apetecer, na divisão da casa que mais nos agradar ou convier – a Netflix é a minha eleita, embora a Amazon Prime e a HBO são também excelentes escolhas.

Assisti em modo maratona noturna à serie espanhola de grande sucesso – Valéria  – não estreou recentemente mas é umas das séries mais comentadas nas redes sociais e uma das mais vistas pelos subscritores, talvez pelo seu conteúdo erótico e divertido, em vista disso, apesar de ter passado a noite acordada não foi de certeza uma noite perdida.

A série estreou na plataforma Netflix a oito de Maio de 2020 ( nesta altura andava ocupada com a série La Casa de Papel e a série The Rain ) é baseada na saga de livros da escritora Elisabet Benavent e tem uma temporada com oito episódios, já confirmada está a segunda temporada. A sinopse é fácil de traçar: Uma escritora às avessas com a escrita do seu primeiro livro e com o seu apático casamento, encontra apoio num grupo de amigas, não obstante das personalidades distintas, as quatro são muito próximas e são também o apoio emocional umas das outras.

Se aos olhos do leitor esta história parece banal e semelhante a tantas outras, posso contradizer escrevendo que o conteúdo desta série ganha pelo idioma, a língua espanhola dispõe de um misto de diversão e libertinagem – Es una muy buena serie, ¿no crees? – pelas personagens femininas Valéria, Lola, Carmen e Nerea que esbanjam sensualidade na forma como falam, como se movimentam, as roupas que vestem, as interações com as outras personagens, inclusive na forma como se envolvem sexualmente, tenho a impressão que as mulheres espanholas são sempre bonitas.  Claro que não podia deixar de referir uma das personagens masculinas, o ator Maxi Iglesias, que é um doce de cima a baixo e de baixo a cima, conhecido do grande público pela série “Os Protegidos” o rapaz cresceu e digamos, aqui entre nós que ninguém nos lê, está um pão ( daqueles quentinhos acabados de sair do forno, em que a manteiga derrete e é impossível comer só um ) faz par amoroso com a personagem principal, a Valéria, é imprescindível ver até ao último capítulo para saberem se “ou sim ou sopas” entre os dois.

Temas como o adultério, a homossexualidade e o feminismo também fazem parte da série, tornando o enredo ainda mais interessante e atual.

Desde a explosão da saga de livros e posteriores filmes “As Cinquenta Sombras de Grey” ( o primeiro livro foi publicado há dez anos atrás ) que o mundo tem sido contemplado com diversas obras de conteúdo erótico – livros, filmes, séries, documentários, novelas, autores – se as críticas negativas são bastante audíveis, a mediatização e a audiência desta temática é um facto com tendência crescente. E ainda bem que assim é.

 

“O erotismo é uma das bases do conhecimento de nós próprios, tão indispensável como a poesia.”

Anaïs Nin, autora francesa do livro “Delta de Vênus”.