Galilé (Sé do Porto)

Porto Medieval

Porto! Quando falamos desta urbe portuguesa, sentimos a necessidade de olhar para trás e analisar o seu crescimento urbano e demográfico, cujas raízes medievais potenciaram a cidade que vemos hoje, uma autêntica miscelânea (no sentido positivo) arquitectónica.

“Cidade Mercantil” é o seu epíteto devido ao seu comércio e boas ligações com outras cidades europeias, em particular do norte da Europa. Porém, a história do Porto advém de uma era que antecede a própria Idade Média. As primeiras origens (até agora datadas) remontam há mais de 100.000 anos, cujo grupo de caçadores-recolectores manifestaram sinais ao longo da frente marítima. O rápido crescimento agrícola permitiu a emergência de uma sociedade que rapidamente tirou partido da indústria do metal.

Em 1123, a cidade foi brindada com gestão episcopal do seu primeiro bispo – D. Hugo, que concedeu a primeira carta de foral aos habitantes. Desconhecemos a verdadeira causa da presença de D. Hugo no Porto. Terá sido uma manobra política de Santiago de Compostela, de forma a manter presença religiosamente cristã a sul da Galiza? Controlo territorial, promovendo uma expansão que impedisse o avanço muçulmano que ameaçava o sul da Península Ibérica? São algumas teorias que a Historiografia Portuguesa defende.

Face a esta doação, emergem novos núcleos demográficos em torno da Sé (morro de Penaventosa, cujo nome está associado a fortes ventos que advinham do norte), partindo em direcção à Ribeira, tirando partido da excelente localização marítima da cidade. Foi nesta cidade que, em 1387, o rei D. João I casou com a princesa D. Filipa de Lencastre e desta união de matrimónio nasceu o famoso impulsionador dos Descobrimentos Portugueses – o Infante D. Henrique. Não obstante, desta mesma união cimentaram-se as relações entre Portugal e Inglaterra, que, no século XVIII, manifestariam crucial relevância mercantil.

Foi a partir do século XIV, que a cidade atingiu uma expansão urbana além Penaventosa. Assim, e de forma a acompanhar esta evolução territorial, no Porto, e como nalgumas cidades medievais europeias, urgia a construção de uma muralha que respondesse a esta exigência. Com início no reinado de D. Afonso IV e finalizada no reinado de D. Fernando (daí a etimologia), a muralha Fernandina cumpriu a sua finalidade militar, tendo sido parcialmente demolida nos séculos XVIII-XIX, restando apenas um fragmento do que fora uma incrível construção.

Não podia deixar de mencionar o bastião religioso que impulsionou o crescimento da cidade. A Sé está interligada com a função episcopal, uma autêntica simbiose. Edifício de estrutura primordialmente românica que ao longo dos tempos sofreu remodelações, em particular nos séculos XVII-XVIII. Apesar de ter sido no século XII, não conseguimos precisar quando iniciou o primeiro avanço de obras de influência arquitectónica francesa (muito devido à presença de D. Hugo, sendo oriundo de França). Sem dúvida, hoje em dia, é notável o que resta do traçado medieval nesta cidade. Salientamos o edificado (que sofreu algumas transformações) em torno da Sé e do morro da cividade, em particular na rua de D. Hugo, situada junto à antiga cerca.