Real Madrid – O puto gordo que rouba lanchinhos

Sabem aquele miúdo que é maior e mais gordo que os outros e que todas as manhãs, por ter fome, ou mesmo sem a ter, decide bater nos miúdos mais pequenos para lhes roubar os lanchinhos da manhã? Sabem? Exacto! Esse mesmo. Aquele que mesmo não precisando gosta de fazer bullying aos mais débeis e tirar-lhes as coisas só porque lhe dá gozo. Esse puto gordo, como lhe decidi chamar, é o Real Madrid.

Apesar de a associação parecer um bocado rebuscada, o facto é que o colosso espanhol funciona exactamente assim, o seu comportamento é idêntico e as consequências similares. O Real Madrid age da mesma forma que esse “puto gordo”, só que em vez de roubar lanches aos mais pequenos e de os maltratar só porque é maior e mais forte, decide roubar jogadores a tudo e todos deixando-os mais fracos e aproveitando para estender o seu império enquanto fica cada vez mais demolidor.

A mais recente contratação milionária do clube merengue, James Rodríguez, foi mais um exemplo elucidativo do que é tirar aos outros quando afinal não se têm assim tanta fome mas que afinal, só por gula, até apetece devorar  mais um Bollycao da melhor qualidade. A verdade é que gastar 80 milhões no geniozinho colombiano, não foi mais do que um luxo. Um grande e dispendioso luxo. Se olharmos para o plantel à disposição de Ancelotti, veremos que apesar de poderem existir algumas arestas por limar, o treinador italiano nunca se poderá queixar de falta de jogadores, ou mesmo de falta de qualidade dos mesmos. Há demasiados egos, demasiados jogadores milionários e uma equipa completamente assombrosa – isto no papel, claro -. O certo é que com o poder económico do Real Madrid, quase nenhuma equipa lhe consegue fazer frente e derivado disso mesmo, é-lhes permitido comprar qualquer jogador do mundo, mesmo sendo só para ter e para mostrar que afinal tão vivos e que o seu império continuará a crescer.

É certo e sabido que o clube presidido por Florentino Pérez não é o único a usufruir – ou a desfrutar se preferirem – do poder do dinheiro. Temos o exemplo de todos os clubes comprados por milionários, que têm sido muitos nos últimos anos, e do próprio Bayern de Munique que internamente não “permite” que haja promessas ou craques soltos noutros clubes, tem de ir logo raptá-los. No entanto, o exemplo do Real é o mais chocante. É exactamente o que todos nós já fizemos ou desejámos fazer em algum Football Manager ou FIFA e que eles têm feito, não só mas sobretudo, desde a compra de Luís Figo em 2000. É brincar com o futebol, é apenas e só não saber o que fazer ao dinheiro e não poder ver ninguém a rir-se, tal como ficou o Barcelona depois de ter “roubado” Suárez ao clube da capital. Agora resta saber o que fará o puto gordo com o saco de gomas, as duas merendas, os chocolates e as batatas fritas que tirou aos outros meninos, por outras palavras, veremos como vão os merengues fazer um onze com Illaramendi, Isco, Khedira, Di María, Modric, Kroos, Bale, Ronaldo, Benzema, James Rodríguez, Xabi Alonso e o próprio Jése Rodríguez, isto entre outros. Que vários serão vendidos, isso é garantido. Esse acontecimento, só fará proliferar e cimentar a mentalidade de “puto gordo” de que é apenas por gula, porque no minuto a seguir, ou no ano a seguir como o Real Madrid, já se vai arrepender de ter ficado com o Bollycao e vai querer vende-lo, da mesma forma como acontece no futebol e neste caso específico, no clube detentor da champions.

O foco do texto não é uma critica ao futebol moderno e aos novos valores que se levantaram, é sim uma crítica ao comprar por comprar, ao consumismo futebolístico, à falta de restrições no que a contratações diz respeito e ao desnível que isso traz e trará sempre ao futebol quer espanhol, quer mundial. Apesar de nem sempre ter equipas equilibradas, o que é certo é que ano após ano o Real Madrid acaba por comprar os melhores jogadores do momento, enfraquecendo as ditas equipas e fazendo disso apenas um passatempo quando muitos acabam por não jogar ou por ser vendidos no ano a seguir. É esta mentalidade que se critica, é este o espírito que arrasa o futebol, a ganância e a sede de poder que sobem à cabeça de quem dirige o clube. É esta a comparação entre a gula por mais um lanche tirado aos meninos indefesos e um jogador comprado, apenas e só, por capricho. A única diferença é que um dia o “puto gordo” acaba por crescer e perceber que não vale assim tanto a pena e não tem assim tanta graça, e no futebol, como será?