Vai para o c’alho!

Já alguma vez se questionou sobre a origem de algumas palavras ou expressões, que são de uso corrente? O porquê de chamarmos isto ou aquilo; o porquê de darmos determinado nome a determinado objeto?

Dia quente, este! Dia de ir ao sótão arejar o dinheiro ( não se costuma dizer que as aranhas são símbolo de dinheiro?).

Subi até ao sótão e dirigi-me à janela para ver o que se estava a passar na rua. O meu olhar centrou-se numa criança que estava a fazer birra, sem parar. Os seus movimentos tornavam-se mais bruscos e desorientados. A mãe, irritada, deu um berro que entoou na rua toda. «Ai Estafermo!» (origem italiana que significa: está quieto!)
Contudo, a criança continuou com a birra!

Dei uns  passos atrás e segui até ao lado oposto da sala onde tinha uma varanda.
Sentei-me a apreciar o rio.

Já não era a primeira vez, que os marinheiros discutiam para decidir quem é que ia para o ponto de vigia. A discussão ainda ia no adro, e alguém falou mais alto, destacando-se no meio daquele barulho todo, dizendo: “És mesmo tu! Vai para o c’alho.” ( É um sítio estranho este. Alguém sabe onde é? Acho que ainda não encontrei no mapa. Mas eu encontrei uma lenda sobre este assunto e a última palavra pronunciada corresponde, ao posto mais alto das caravelas e das naus, que ficava no mastro. Era um local desconfortável que estava sujeito ao vento, frio, etc. Todavia, para os Romanos designa um mastro ou um pau grande.)

Os ponteiros do relógio iam avançando e estava mesmo a chegar à hora do almoço. Desci as escadas e fui até à cozinha. A minha mãe preparava um “bestial” almoço. Perguntei-lhe o que era o tacho e ela respondeu que era “sacana” com arroz! (origem japonesa e significa peixe.)

Com este pequeno texto mostrei-vos que afinal aquilo que são insultos, em outros tempos não o eram.
É fantástico como as palavras adquirem novos significados com o evoluir do tempo.
Já pensaram nisso?

RaquelSantosLogoCrónica de Raquel Santos
Pequenos Desabafos