Vencimento mensal = um Like, dois Tweet´s e um TikTok…

Antigamente, quando ainda não existia a Internet, o mundo carburava de uma forma diferente e mais simples — ao contrário do que tentam vender hoje, com a suposta “simplicidade” e “aproximação” que tanto pregam com o uso da Internet. As pessoas juntavam-se, o companheirismo prosperava em abundância e, basicamente, as pessoas interagiam umas com as outras de uma forma física e natural. Hoje em dia, as coisas são diferentes e, ao contrário de antigamente, quem não possui contas em redes sociais, passa a ser uma pessoa estranha, um verdadeiro extraterrestre e, por vezes, um verdadeiro psicopata porque se está a esconder da realidade.

Realidade essa que, na verdade, é surreal, anormal e até abstracta. As pessoas estão tão embrenhadas nas redes sociais que não conseguem distinguir a realidade da ficção. No que diz respeito ao tão aclamado Facebook — rede social que veio mudar a forma como o mundo funciona — as pessoas deixaram-se absorver pela interacção e sentimento de impunidade que por ali fervilha vinte e quatro horas por dia. Segundo Mark Zuckerberg, o Facebook foi criado com o simples e adolescente propósito de encontrar miúdas na universidade. Rapidamente se tornou um fenómeno e alastrou para outras universidades, até chegar àquilo que é hoje em dia. As pessoas perderam um pouco a noção de que, se por acaso o Facebook acabar, a vida continua e ninguém irá falecer por causa disso. E, por essa mesma ilusão em que vivem e respiram, as pessoas exaltam-se, chateiam-se e atacam outras pessoas sem se preocuparem se estão, de facto, a magoar alguém ou não. O que interessa é demonstrar poder — e o poder é aquilo que mais ódio produz nesta vida.

As pessoas perderam a noção da vida. E tudo isso graças às redes sociais — as quais possuem uma capacidade de amarrar o ser humano como se de uma camisa de forças se tratasse. Se existes no Facebook, Instagram, TikTok, Twitter ou outras que mais, aí sim, és perfeitamente aceitável na sociedade em geral. Hoje em dia, quando se conhece uma pessoa, a primeira reacção não é pensar em levá-la a jantar fora, ao cinema ou a um simples passeio aliado a um cafezinho, mas sim ir a correr pegar no telemóvel e pesquisar se a pessoa possui conta nas redes sociais da vida, tentando assim, de forma perfeitamente superficial, conhecer verdadeiramente a pessoa — lendo frases, vendo fotos e sabendo até que tipo de trabalho tem.

Fico surpreso como é que, ao ritmo a que as redes sociais entraram nas nossas vidas, não damos por nós a ir ao supermercado ou a grandes superfícies comerciais, e a adquirir bens essenciais não com dinheiro, mas sim com “Likes”, “Tweet’s”, TikTok´s” ou mesmo com fotos para o Instagram. Um pacote de arroz = um Like. Uma posta de salmão = dois Tweet´s e papel higiénico ao módico preço de cinco TikTok´s…

Quando isso se suceder, não estranhem. Lembrem-se apenas que leram isso aqui, em primeiríssima mão.

Escusam de agradecer.

Um “Like” e um “TikTok” para todos…