I
Bonita é por assim dizer,
Uma mulher em que se veja,
Que além do seu modo de ser,
No olhar não há ponta de inveja.
Mulher que se cuida a preceito,
Como quem em si investe,
Pratica desporto, cujo efeito,
Traduz-se na roupa que veste.
Mora ali para o lado,
Duma avenida que é nova,
E não fosse eu já ser casado,
Ao ouvido entoava-lhe a trova.
II
Amiga, a quanto obriga,
Esta nossa amizade,
A mim, corar quando diga
Que ao teu lado me encho de vaidade.
Vaidoso da tua pessoa,
Por seres tal qual como és,
Bonita que há-de achar boa,
Quem te observe da cabeça aos pés.
E embora te ache mais nova,
Nada impede dizer o que sinto,
Que quero ver como és sem roupa,
Por em ti achar tudo lindo.
III
Olhar maroto,
Sorriso traquina,
Merece um piropo,
O ser pequenina.
Pequena mas grande,
E não em tamanho,
Chega a ser gigante,
No talento que não tenho.
Tivesse eu talento,
E falava-lhe agora,
Deste amor que é tempo,
De pô-lo cá fora.
FIM
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