Entrevista a Carlos Pereira – Humorista – EXCLUSIVO

O Ideias e Opiniões continua a sua forte aposta nas entrevistas exclusivas trazendo, sempre que possível, profissionais talentosos das mais variadas áreas que merecem a nossa atenção e destaque! Desta vez, o Ideias e Opiniões virou-se para o humor e para uma das personalidades que tem dado mais nas vistas nos últimos tempos. Da Tropa de Humor ao Um Africano de Robustez Razoável, passando pelo Red Light Comedy e pelo CULPADO, esta é a entrevista a Carlos Pereira, o primeiro comediante negro a aguentar-se no Stand Up.

  1. Carlos Pereira, tens memórias de África?

 Claro que sim. Eu nasci e cresci em África, mais concretamente São Tomé e Príncipe, e lá vivi até os meus quinze anos. Altura que mudei em definitivo para Portugal, para viver com a minha mãe.

  1. Quem é a tua maior referência na vida?

Vem aos pares como os calçados: os meus avós. Fizeram de mim o “homem” que sou hoje. Eu cresci com os meus avós e tudo o que sou hoje é graças a eles. Funcionavam como a dupla do “polícia bom” e o “polícia mau”, sendo que a minha avó ficava com o primeiro, e o meu avô com o papel de polícia mau. Aliás, uma das frases que o meu avô mais dizia era “eu sou muito bom, mas também sou muito mau.” Até hoje fiquei sem perceber qual dos dois era mais. Já a minha avó, foi a pessoa que me ofereceu a minha primeira bicicleta e quando a comprou disse: “eu vou dizer que é de todos – fazendo referência aos meus primos – mas é mais tua, está bem?”

  1. Achas que numa outra vida, podes ter sido um professor africano?

 Não percebo a pergunta. Como assim professor africano? Isso é alguém que ensina africano às pessoas? Não percebo, portanto não sei.

  1. Que género de música é que preferes: Kizomba, Kuduro ou uma Morna?

Morna, por exclusão de partes. Dos mencionados Kuduro é o que menos suporto. Não tenho o ritmo africano no corpo. Enfim, quem me cortou o cordão umbilical claramente que levou essa minha parte africana. Eu de kizomba não sou grande fã e depois de ver naquilo em que se transformou, menos fã sou. Essa mania de que qualquer um pode ensinar kizomba, ou que qualquer um pode cantar kizomba, deixa-me em choque. Kizomba neste momento é “coisa de brancos.”

  1.  Carlos Pereira o teu percurso é, no mínimo, irónico. Como é que um jovem estudante da Licenciatura de Ciência Política se torna humorista? 

Ambos acontecimentos dão se mais ou menos na mesma altura, mas sem relação entre elas.

Curiosamente, e isso é algo que pouca gente sabe, eu vou parar a Ciência Política por causa daquele que hoje é o meu melhor amigo. A política sempre me interessou, lembro-me de ser criança e deslumbrar-me com debates políticos, mas há um dia que travo uma discussão acesa com esse meu amigo e ele a meio da discussão diz que o seu sonho era licenciar-se em Ciência Política, no ISCTE, e eu quando ia a candidatar-me, coloquei isso como uma das minhas opções e consegui entrar e ele não. De salientar que ainda entrei em Direito na Faculdade de Minho, mas a minha mãe não me deixou ir. E ainda bem, que se tivesse ido estudar para Braga provavelmente hoje não seria humorista.

A meio do segundo ano em Ciência Política, a minha mãe ofereceu-me a possibilidade de mudar de curso (para Publicidade). Rejeitei. Achei que conseguiria despachar aquilo para depois atacar uma segunda licenciatura em Publicidade. Olhem, nem uma coisa nem outra, e cá estamos! 

  1. Ser humorista era um objectivo teu ou foi algo que aconteceu por acaso?

Aconteceu completamente por acaso. Eu hoje sou humorista por causa de um tipo que se chama António Graça, que viu graça em mim, quando nem eu própria via. A história conta-se de uma forma muito resumida: há uma altura que decido postar umas alarvidades no meu perfil de Facebook (tirando o engate, é esta a única utilidade do Facebook) e esse António, que tinha sido amigo do meu melhor amigo no Secundário, envia-me uma mensagem a dizer que eu devia experimentar fazer Stand Up. Passou-me ao lado. E há um dia que vou ver o Bruno Nogueira, de quem sou grande fã, no “Famous Grouse Humor Fest” e quem faz a primeira parte desse espetáculo é o Salvador Martinha, alguém então desconhecido para mim, que parte aquilo tudo.

E eu penso para mim: “Se um dia for comediante, quero ser como este gajo.” E passam alguns meses até que o António volta a carga, dizendo que tinha tomado a liberdade de me inscrever num open-mic, no bar Vinyl, em Alcântara. Aquilo chamava-se “Noites Licor Beirão, era apresentado pelo António Raminhos, o cartaz era composto por quatro amadores e um cabeça de cartaz, calhou nesse dia o cabeça de cartaz era o Salvador Martinha. Eu subi a palco, com umas coisas que tinha escrito sobre a minha mãe, sem saber se tinham graça ou não e acabei por fazer rir as cerca de cem pessoas que estavam presentes. Era dia 3 de Janeiro de 2013. daquele dia em diante passei a ser humorista e nunca mais parei. Se eu fosse justo devia dar ao António uma comissão de tudo aquilo que ganho, mas mal ganho para comer. Ele certamente que percebe, já lhe arranjo bilhetes a borla e já é bem bom. 

  1. Como descreves o teu estilo de humor?

Humor negro, como dizem os idiotas, numa tentativa de fazer um trocadilho com o facto de eu ser negro (ou preto, como quiserem). Mas nunca sei responder a isso. É aqui que percebo que foi um erro nunca ter investido duzentos euros num curso de humor. Mas só para isso: é que nem sei quantos estilos existem. Tento sempre falar das coisas que acontecem à minha volta (acho que isso é humor de observação), sobre mim e sobre a minha mãe. Portanto, talvez diria que faço humor de observação, algum humor auto-depreciativo (mas nem tudo o que digo sobre mim é no sentido mau), e agora chega a parte mais complicada: que nome é que se dá às piadas sobre mães? Humor sétimo ano, ou humor Freudiano? Se souberem incluam na lista. 

  1.  Carlos Pereira, já te ocorreu teres-te arrependido de alguma piada que fizeste?

Não, nunca. E se um dia isso acontecer será certamente pela qualidade da piada e dificilmente por outro motivo. 

  1. Já tiveste algum problema com alguma piada que fizeste?

 Já. Uma vez quiseram bater-me porque eu disse que não namoro pretas e que já bastava a mãe que tenho lá em casa. Mas eram africanos, que ficaram ofendidos com o que eu disse, como se apenas por ser preto, tenho de namorar com pretas. Mas isso não é o que fazem os ciganos? Ser preto e ter hábitos ciganos parece-me péssimo, portanto, como diz uma amiga minha, “não me convidem.” E mantenho o que disse: não namoro pretas. E sinceramente ainda nenhuma preta me tentou engatar e elas lá sabem porquê. 

  1. Qual é o assunto que gostas mais de abordar nas tuas piadas? Porquê?

 Por norma falo de tudo, desde que tenha graça. Mas falo muito da minha mãe nos meus espetáculos. Ela, sem ter noção disso, é uma grande fonte de inspiração. Aliás, o meu sonho é um dia fazer um espetáculo todo ele dedicado à minha mãe e andar com ele pelo país. E isso vai acontecer, eu tenho a certeza.

  1. Carlos Pereira, o palco e o público dão, ou retiram, confiança a quem os enfrenta?

Depende. Tu para enfrentares o público e o palco tens de ter alguma confiança em ti e no teu trabalho, de outra forma não consegues fazê-lo. Ou podes fazê-lo na mesma, sendo louco, mais ou menos como eu admito que fui. O resto da confiança ganhas ou perdes consoante a tua prestação. Portanto diria que para os enfrentares tens de ter uma reserva de confiança contigo que pode ser alargada ou estancada consoante o teu poder de resposta. Mas há públicos que intimidam e esses fazem esvaziar o balão da confiança mal os enfrentas, portanto é complicado.

  1. Lembras-te da primeira vez que pisaste um palco? Onde, e como, foi essa experiência?

Resposta 6.

  1. Qual é o teu palco de sonho?

Ui, não tenho. Mais do que um palco de sonho, o meu sonho é atuar em muitos palcos. Mas se tiver mesmo que responder, diria que gostava um dia de actuar em São Tomé, no estádio 12 de julho. Mas antes alguém que vá para lá dizer-lhes o que é stand up.  

  1. Carlos Pereira, conta-nos o episódio mais ridículo/engraçado que já ocorreu durante um espetáculo/digressão.

 Foi no meu espetáculo “Toda a gente tem um amigo preto” (Lisboa Comedy Club, 23 de Janeiro de 2015), quando um senhor do público que estava na primeira fila diz-me “eu não acho piada a pretos”, depois de eu lhe perguntar se não estava a gostar do espetáculo, uma vez que era o único com o semblante carregado no meio de tanta gente que aparentemente se estava a divertir à brava. E só para chatear o senhor passei o espetáculo todo a chamá-lo de pai. No final foi ter comigo e disse que tinha ido meio ao engano, que foi arrastado pelos filhos e pela mulher, mas que gostou.

Portanto, ele continua a não a achar piada a pretos, mas acho que pelo menos a mim acha piada. Mas não deixa de ser estranho alguém que não acha piada a pretos, ir ao engano a um espetáculo com um preto no cartaz, cujo nome é “Toda a gente tem um amigo preto”.

14210789686447-0-680x276

  1. Sentes muito a pressão de ter de criar constantemente material novo ou para ti a comédia é algo de natural?

Há assuntos que são mais fáceis de escrever que outros, e há momentos que estás melhor e as coisas saem-te com mais naturalidade. Independentemente de ser algo natural ou não, a pressão existe sempre, e ainda bem que ela existe. É sinal que estou a tentar sempre mais, e que estou a esforçar-me. E que ambicionas mais. A pressão dá-te a responsabilidade de te manter focado.

  1. Carlos Pereira, dada a velocidade a que correm as notícias nos dias de hoje e ao mundo global em que vivemos (que permite, por exemplo, que um simples post do Facebook chegue a milhões de pessoas em escassos minutos) a margem de erro dos humoristas diminuiu? Ou seja, fazer uma má piada ou uma piada sem graça, pode ser o suficiente para criar uma polémica e trazer consequências negativas?

Acho que tudo depende do artista e daquilo que ele define para si. Eu já vi piadas sem graça serem aclamadas e benzidas com milhares de likes e partilhas, e já vi piadas aparentemente inocentes serem vilipendiadas. O Facebook é um sítio muito perigoso. É um sítio onde a maior parte das pessoas não percebe uma ironia, por exemplo, e isso é triste. E aquilo que pode ser uma má piada para ti, pode não ser uma má piada para mim, é sempre relativo.

Eu acho que um humorista tem o direito de fazer as más piadas que quiser no Facebook, sem que o ataquem por isso. Acho que é um direito que lhe assiste. E mais, eu sou da ideia que não tens obrigação de ser bom no Facebook, porque ao contrário daquilo que querem fazer parecer, as redes sociais não são um palco. Tu tens a obrigação de ser bom, coerente e dar tudo de tudo, é em cima de um verdadeiro palco, onde estão pessoas que pagaram para te ver porque gostam do teu trabalho. Mas lá está, tudo depende do artista e daquilo que quer para si. É que hoje em dia o número de likes abre mais portas que um broche ao patrão. 

  1. Quem são as tuas maiores influências no mundo da comédia? (A nível nacional e internacional, claro)

Sou um grande fã de Salvador Martinha, acho que já é mas que sabido. Gosto igualmente muito de Ricardo Araújo Pereira, Bruno Nogueira, João Quadros, isso ao nível nacional. Ao nível internacional gosto muito de Woody Allen, Chris Rock, George Carlin, Louis CK, David Chapelle, Kevin Hart. Mas eu consumo pouco stand-up internacional, consequências de ter tido dois a inglês no secundário. 

  1. Gostavas de actuar ao lado de algum comediante português? Se sim, quem e porquê?

Gostava de um dia actuar ao lado de Ricardo Araújo Pereira. Porquê? Porque é o maior, literalmente.

  1. Carlos Pereira, embora falemos muito mais vezes a sério do que a brincar, gostamos bastante de rir. Por isso a pergunta que se impõe é: quais os humoristas nacionais e/ou internacionais que nos aconselhas a descobrir assim que esta entrevista acabe?

Nacionais aconselho vivamente todos os elementos do grupo de humor do qual faço parte: Red Light Comedy, e a par disso sugiro o Daniel Carapeto, Manuel Cardoso, Pedro Teixeira da Mota, Pedro Figueiredo, Tiago Félix.

  1. Existe toda uma nova geração de humoristas que encontrou nas redes sociais o palco perfeito para mostrar o seu trabalho. As redes sociais e os fenómenos virais vieram dar a perceção de que a vida de humorista é simples e de que basta roubar/copiar umas piadas para ter sucesso?

Se roubas/copias piadas não és humorista, és alguém que lê no teleponto da imbecilidade textos dos outros. E é impossível fazeres carreira ou teres sucesso apenas com base em piadas roubadas, não dá. Acabas por ser apanhado e nessa mesma rede que te queres exibir vais ser vilipendiado. E vida de humorista não é simples. Tens de estar sempre atento ao que se passa a tua volta e ter a capacidade de criar sempre conteúdos, porque é isso que as pessoas esperam de ti. Agora, se não tens capacidade para fazer isso e optas por roubar, escolheste a profissão errada.

  1. Se pudesses escolher um momento da história de Portugal, para ires fazer um espetáculo de comédia, qual seria? Porquê?

Boa pergunta. Mas sinceramente não sei.

  1. Carlos Pereira, se pudesses escolher fazer um roast a alguma personalidade pública, portuguesa ou estrangeira, quem seria e porquê?

Escolhia o Marcelo Rebelo de Sousa. É, aparentemente uma pessoa que que se mexe muito bem, não fazendo nada por acaso. Gostava de o ver exposto a uma situação desse tipo, para ver como é que lidava. Mas imagino-o como sendo calculista, portanto, dificilmente aceitaria. Se bem que desconfio que se o convencessem que se o fizer será ainda mais popular, era menino para aceitar. Seja como for, fica aqui a ideia. 

  1. Consideras que o racismo que ainda perdura na nossa sociedade pode prejudicar o teu trabalho? Na tua opinião, porque motivo não temos mais humoristas negros em Portugal?

Não creio que o racismo possa prejudicar o meu trabalho, até porque pessoas/público ignorante não me interessam para nada. E se quisermos ser corretos eu sofro racismo mas é por parte dos meus. Ou seja, há muitos mais africanos que não gostam de mim do que caucasianos que não gostam. Mas por cada uma pessoa que não, há duas que gostam e isso basta-me.

Quanto ao facto de não haver mais humoristas negros em Portugal, eu sinceramente não sei. Mas acho que é uma questão de tempo até isso mudar. É uma ordem natural das coisas, acredito que o humor em Portugal ainda seja visto como sendo uma “coisa de brancos”, como diz a minha mãe. Mas isso vai mudar e eu já estou a fazer a minha parte. 

  1. Carlos Pereira, o sucesso que tu começas a ter em Portugal é indiscutível, mas será que o contrário era possível? Ou seja, achas que um humorista português também teria sucesso em África, por exemplo?

Porque não? O meu avô costuma dizer-me o seguinte: “Quando se é bom, ser o melhor é uma questão de tempo”. Eu não cheguei até aqui – sendo que este “aqui” ainda não é nada –  apenas por ser preto, e/ou por ser novidade. Também foi pela qualidade que apresentei, que levou as pessoas a convidarem-me para atuar. Portanto o contrário podia acontecer, sim. Podia custar um pouco mais, não sei. Mas acredito que fosse possível.

  1.  Carlos Pereira, conta-nos tudo sobre o “CULPADO” e sobre “Um Africano de Robustez Razoável”!

O CULPADO foi a minha estreia a solo. Inicialmente até tinha outro nome, mas assim que decidi que o espetáculo seria na Damaia mudei para “Culpado”, por uma questão de comunicação e marketing. Achei que o Culpado funcionaria melhor na Damaia, nem é preciso dizer porquê. Até mesmo o cartaz foi alterado para corresponder ao local escolhido. Falando do espetáculo em si, foi um espetáculo com 60% de material novo. Tentei fazer uma coisa diferente. Teve projeções, falei da minha infância em São Tomé e Príncipe, teve momentos dedicados aos meus avós, etc. Sei que sou suspeito, mas foi um espetáculo muito bom. Até subir a palco cheguei a duvidar que fosse capaz. Primeiro porque tinha medo de não conseguir fazer 1 hora de espetáculo (acabei por fazer 1 hora e 40 minutos), depois pelo desafio que era fazer um espetáculo a solo. Mas sobrevivi. E, sinceramente, acho que por muitos Culpados que volte a fazer, nenhum será como aquele. Foi tudo perfeito.

13092166_1764709977098503_4349577388244593603_n

Um Africano de Robustez Razoável: É uma série documental de seis episódios que conta a história do único comediante negro em Portugal. A ideia é minha, o guião é repartido por mim, pelo Tiago Félix e, a meio do percurso, juntou-se a nós o Daniel Cruz. Já a produção ficou a cargo de Comicalate, uma plataforma online que produz os seus próprios conteúdos.

A ideia de fazer esta série surge de uma outra ideia que tive, que era fazer um sketch num autocarro. Falei com o Miguel Leão do Comicalate (o Miguel já me tinha falado do seu projecto Comicalate e, na altura, disse-me que estaria com abertura em ouvir outras ideias), e ele disse-me “em vez de ser um sketch porque é que não fazes uma mini série, toda ela num autocarro?” Fiquei a pensar nisso. Mas arranjar o autocarro não seria tarefa fácil.  Então pensei, “e se fizesse uma serie sobre mim?”

Marquei uma reunião com o Miguel e falei-lhe da ideia e ele gostou e até fez algumas sugestões. Na altura lembro-me que ia fazer uma música com o Valete e falei com o Miguel, para me filmar o videoclip e ele disse “mete o Valete na série. Seria fixe.” E é assim que nasce a ideia base da série: a história do único comediante negro em Portugal que faz stand up há três anos e ninguém sabe quem é, então ele decide fazer algo para combater isso, e uma música com o Valete era uma das opções. Antes de avançarmos, o Miguel apresentou-me a Filipa Amaro, ela que entre outras coisas, é também realizadora e ia ajuda-lo a realizar a série, e convenceu-me que fosse ela a ficar com o papel de jornalista, a ideia pareceu-me válida e assim foi.

No final de contas o Valete acabou por não aceitar entrar na série, disse que não se sentia confortável, acabou por ser o Sir Scratch a fazer esse papel, que agora vendo bem, foi o melhor que aconteceu. Ele é muito bom. Encaixou na perfeição. O Valete seria mais pela figura incontornável que é, mas o Scratch deu algo que Valete dificilmente conseguiria dar.

Estou muito orgulhoso deste projecto. Primeiro porque fiz esta série exatamente como queria. Contei as histórias que queria contar e convidei as pessoas que que queria que entrassem e tive a sorte de terem todas dito logo que sim. Quanto a participação de Ricardo Araújo Pereira quero descansar as pessoas dizendo que não, não tive de lhe fazer nenhum fellatio para ele entrar. A vontade também partiu dele. E é só.  Depois porque tenho 24 anos e posso gabar-me de ter idealizado, escrito uma série. E boa.

Estive sempre ciente do risco que é fazer algo deste tipo para a net, ainda para mais em Portugal. Mas o que costumo dizer é que não tenho pressa, e esta série vai crescer comigo. É um filho que vai andar sempre de mãos dadas comigo. E para finalizar, isto não é meu, isto é nosso. Nada disso seria possível sem as pessoas que tive à minha volta, quer a filmar, quer a escrever, quer a participar. Estamos todos de parabéns. 

13266112_1767604923475675_4964019994311139362_n

  1. Como surgiu o Red Light Comedy? Quem faz parte deste grupo?

Red Light Comedy é um grupo de humor, que existe porque houve alguém que decidiu pegar em oito comediantes e formar aquilo a que nós chamamos de “boys band do humor português”. Somos oito comediantes, sendo eles o Dário Guerreiro, Guilherme Fonseca, Guilherme Duarte, Nuno Mesquita, Carlos Coutinho Vilhena, Miguel Neves, Diogo Batáguas e eu. Somos oito, mas atuamos sempre em quatro, num registo de rotatividade e andamos pelo país.

  1. Um humorista, por mais inteligente, genial e famoso que seja, será sempre tão bom quanto a sua mais recente piada?

 Acho que não. Acho que poderá fazer sempre melhor.  

  1. Quais os melhores espaços para ver comédia ao vivo em Lisboa? Devia a capital ter mais espaços deste género?

Havia um comedy club mas fechou. Acho que é um espaço que faz falta na capital, mas com uma boa gestão e programação. Quanto a espaços para ver comédia não há ponto de referencia. O melhor é ficar atento as paginas de alguns artistas e ver onde vão ser as suas atuações e atacar.

  1.  Carlos Pereira, onde é que te vês daqui a 10 anos?

Daqui a dez anos gostava de ser reconhecido como um dos maiores comediantes portugueses, ou pelo menos, o melhor comediante em Portugal, com dupla nacionalidade. Eu sei que vou chegar longe. Tenho qualidade para isso, vontade, falta-me trabalhar mais. E talvez esse longe seja São Tomé, a atuar para “a minha gente.”

13001202_1548886108738907_5622654818444577600_n

  1. Onde podemos acompanhar o teu trabalho?

Nas redes sociais. Tenho uma página com o meu nome no Facebook, que onde posto a maior parte do meu trabalho. Mas também podem me seguir no Twitter @cmpereira92 e no Instagram @cmpereira92.