Oh Deus, porque é que nasci bonita em vez de rica!

Numa noite rotineira de trabalho, a somar a todas as noites extra de trabalho, um cliente pejado de cortesia , questionou-me: A Sandra fuma?

– Não fumo nem bebo. Respondi, devolvendo a simpatia.

– Se não fuma nem bebe, tem outros pecados então?

– Sim, tenho, pecados que não posso mencionar a estas horas.

Rematei assim a conversa galanteadora, pois ambos sabíamos que nem ele podia com tanto nem eu me contentaria com tão pouco.

É um problema ser bonita em vez de rica, se fosse rica não precisaria de trabalhar tanto, se fosse menos bonita não encontraria lisonjeadores pelo caminho, ou, em última instância, ser casada, um anel dourado na mão certa afastaria, certamente, qualquer tipo de admirador. O anel relembra-me outra história, igualmente cómica: As minhas colegas estavam a almoçar, o prato era Bacalhau ( um aspecto divinal, é justo dizê-lo ) eu exclamei: Logo à noite também vou cozinhar bacalhau para o meu marido, se tivesse marido, claro. Rimos em uníssono, “Fazes bem, Sandra!” disseram, ri às gargalhadas, não só pela minha veia humorística tão apurada (tem dias ) como também, pela felicidade de saber que ao chegar a casa não iria ter um marido à minha espera.

É que esta utopia romântica de O Amor e uma Cabana é lindo de se vivenciar, as mulheres adoram o amor, amar e ser amadas, mas já não se contentam com uma cabana, quiçá, nem com um bom apartamento e um grande automóvel, abençoadas sejam as mulheres modernas. Honestamente, entre um bom prato de bacalhau e um marido, prefiro, sem qualquer relutância, a primeira opção. E ser saboreado lentamente, como qualquer bom prato assim o exige.

Oh Deus, porque é que nasci bonita em vez de rica!