A Alimentação do Bebé!

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, prevê que, “Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação…” algo que eu concordo plenamente. O problema é que a minha filha discorda. Por mais que eu tente assegurar-lhe a alimentação (que eu acho ser) suficiente o raio da moça não quer comer!

Felizmente a gaiata nunca foi gorda, (atenção, não quer com isto dizer que tenha algo contra os bebés gordos, muito pelo contrário! Até acho que os bebés gordos são muito engraçados. Apertar as bochechas à minha filha não deve ter metade da piada do que apertar as de uma bebé badocha. Especialmente se a quiser chamar de “godinha linda do papá…”) no entanto apesar da sua elegância a rapariga sempre comeu muito bem. Mamou enquanto quis, as vezes que quis e como quis. Bastava apenas que os “biberons da natureza” estivessem atestados e “bota a baixo”. Depois, um pouco mais velha, começou a comer as sopas e papas. Comia de 3 em 3h, tudo certinho e bonitinho como a médica nos disse para fazer e, apesar da pediatra achar sempre que ela estava abaixo do percentil para nós estava impecável!

«Para quem não sabe o que é o percentil de um bebé eu passo explicar: o percentil é uma porcaria que inventaram, com um gráfico todo maricas, que mostra como um bebé que tenha nascido com o peso X e altura Y, deve evoluir ao longo da sua infância. Esse gráfico, regra geral, só serve para dar dores de cabeça aos pais visto que os miúdos nunca estão no percentil correcto. Ora estão acima e os pediatras acham que estão a engordar muito, ora estão abaixo e acham que estão demasiado magros, ou então o percentil está a oscilar tanto que os médicos têm que descobrir o porquê. Ah!! E há também aqueles bebés que nunca se enquadram em percentil nenhum. Aí então… Ui, é o fim do mundo!»

Resumindo e baralhando, o mapa dos percentis é algo tão útil como uma fralda cheia de cocó. Mentira! Menos útil que isso, que uma fralda cheia de cocó sempre ajuda a perceber se o bebé está bem de saúde ou não, agora os percentis nem isso! A minha pequena sempre andou no percentil mais baixo, sendo que por vezes até arranjava um percentil só dela, mas para mim desde que estivesse a comer e mais pesada de cada vez que ia à balança estava espectacular. Hoje em dia a rapariga já estabilizou, está no percentil correcto mas… Agora não quer comer! (raiosmapartaoraiodamoça…)

Com 14 meses e os produtos alimentares praticamente todos inseridos seria de esperar que ela comesse espectacularmente bem, não é verdade?! Pois… Não! A moça quanto mais produtos alimentares tem à disposição menos vontade tem de variar. Fruta só come praticamente as primeiras que provou: pêra e maçã. Sempre que tentamos dar-lhe algo diferente faz mais caretas que um palhaço numa festa infantil. O 2º prato (nomeadamente carne ou peixe com batatas, arroz ou massa) é algo terrííííível… Ter de mastigar quando apenas se tem apenas 7 ou 9 dentes é uma canseira. Se pode simplesmente engolir uma sopa para ficar saciada porque motivo é que ela se há-de cansar a mastigar?! E não é que ela não goste da comida… Ela gosta, tem é preguiça para mastigar. Se nós triturarmos seja o que for marcha, mastigar é que não. Eu acho que até um cozido à portuguesa ela comia se estivesse tudo bem trituradinho.

Pois é meus amigos, acho que o problema é mesmo preguiça no lombo! Andamos a criar uma cambada de mini preguiçosos! A minha filha é capaz de agarrar e levantar um saco com 1kg de limões, agora pegar numa colher para levar um bocado de carne à boca não vai dar. Consegue estar 30 minutos a roer o comando da televisão mas se lhe dou um pedaço de maça, ou uma fatia de pão para mastigar sozinha, ao fim de 3 ou 4 minutos já foi parar no chão. Se isto não é preguiça então não sei o que será.

Para ajudar à festa, para além da preguiça tem alergia a provar coisas novas. Até agora nunca fez alergia a nada, e felizmente come de tudo! Se estiver triturado então é uma alegria. Mas sempre que experimenta algo de novo é uma novela. Reclama, faz caras feias, tira da boca, empurra a colher. Faz trinta por uma linhas… Mas quando finalmente a conseguimos “enganar” e enfiamos-lhe a colher na boca, prova, acha maravilhoso e quer mais! “Maaas, maaas…”Segundo ela.

A renitência em experimentar coisas novas é tão grande que eu acredito que ela nasceu de cesariana só porque não lhe apetecia sair cá para fora… O quê?! Eu… Sair aqui de dentro? Está-se aqui tão bem… Sei lá eu o que vou encontrar lá fora… Não senhora! Daqui não saio, daqui ninguém me ti… ei, ei, apaga a luz, pá! O que é que estás a fazer… Larga-me o pé!!! Ei, ei, BUUAHHH!” – Sim… Seguramente foi isto que aconteceu.

Para concluir, sei que isto é apenas mais uma das fases que os miúdos passam e não tarda nada ela há-de andar por aí a comer este mundo e o outro, mas uma coisa é certa: nunca, mas mesmo nunca na vida eu soube tantas músicas infantis e fiz tantas macacadas para conseguir que alguém comesse…irra!


“Ai! Ai! Pai Sofre!”